Ele quer viver sem depender do pai, sem princípios e valores morais, sem ter que ouvir a voz da verdade e do bem que o pai representa. Também quer viver sem o irmão, isto é, sem ter de reconhecer os direitos do irmão e, consequentemente, assumir os respectivos deveres para com ele.
O jovem acaba por encontrar precisamente o contrário do que esperava. A riqueza usada sem critérios leva o homem à miséria (começou a passar privações); a liberdade vivida sem princípios morais leva à perda da própria liberdade (entrou ao serviço de um habitante da região); o jovem perde os bens, perde a liberdade e perde a dignidade (simbolizada no guardar os porcos); cai na mais degradante miséria (nem sequer pode comer das alfarrobas que os porcos comiam). A liberdade sem Deus e sem os irmãos, uma liberdade sem princípios e valores morais, uma liberdade sem verdade e sem amor, conduz à pior forma de escravidão (o homem é vítima de si mesmo, é o único responsável pela sua escravidão).
O pecado não afecta apenas o próprio. Ele afecta tamém o pai (Deus). O Pai que, com tristeza e dor, vê partir o filho, e, com angústia e inquietação, espera o seu regresso. O pecado afecta ainda o irmão e as relações entre os irmãos. O irmão mais velho não compreende nem aceita o comportamento do irmão mais novo e alteram-se pró-fundamente as relações entre eles. São as implicações sociais do pecado do homem.
Caindo em si. O jovem acorda para a realidade e dá-se conta de que se deixou enganar (ou melhor, se enganou a si mesmo). Descobre as contradições das suas opções e, ao mesmo tempo, descobre as vantagens de viver em comunhão com o pai. A bondade do pai inspira-o e motiva-o a regressar para ele, disposto a recomeçar uma vida nova. Só com verdade e com amor, só vivendo com o Pai e com os irmãos o homem pode ser livre e feliz.
A importância e a necessidade de o homem fechar os olhos e de olhar para dentro a fim de se examinar a si mesmo. Com os olhos abertos, o homem só vê os outros. Com os olhos fechados, olhando para dentro, homem vê-se e conhece-se a si mesmo.
- Ignorante é o homem que não se conhece a si mesmo;
- covarde é aquele que foge de si e não se assume como é;
- medíocre é aquele que se contenta com o que é e não deseja ser melhor;
- cego é o homem que não tem ideais;
- morto-vivo é aquele que permanece caído só para não ter o trabalho de se levantar do chão.
O Pai, porque ama o filho e nunca o deixou de amar, aguarda o seu regresso sem rancor; quando o filho volta corre ao seu encontro sem esperar, muito menos exigir, o pedido de desculpas; quando chega junto dele, o pai abraço-o e acolhe-o como filho e não como um simples trabalhador.
O milagre do amor de Deus consiste em restituir a dignidade de filho ao homem pecador, mesmo ao maior pecador. Deus trata sempre os homens como filhos e nunca como servos, muito menos como escravos.
Quem não se sentirá fascinado por um Deus assim?
Quem não concordará que este é o único Deus que convém ao homem?
A contradição daqueles que pensam e se convencem de que sem Deus e sem a lei de Deus podem ser mais livres e mais felizes. Aqueles que procuram a sua felicidade na droga, alcool e numa vida desregrada. A realidade mostra como eles se enganam e somos todos a sofrer as suas consequências.
E a contradição daqueles que invocam o nome de Deus para fomentar e justificar o ódio, a destruição e a morte, como acontece no terrorismo islâmico. Como podem matar em nome de Deus, quando Deus é o Senhor da vida e ordena ao homem: ”Não matarás”? Como podem incentivar ao ódio em nome de Deus, quando esse mesmo Deus propõe aos homens: “Amai os vossos inimigos”?
O homem todo o homem precisa de Deus. Quando Deus é excluído da vida dos indivíduos e da vida da sociedade, ou quando se servem de Deus para oprimir e explorar os homens, o mundo envereda pelo caminho da destruição e da morte.
Porém, Deus, o Deus verdadeiro, o único Deus que existe, é o Deus do amor e o Deus da liberdade, é o Deus que está sempre do lado da vida, o Deus que ama os homens como filhos, que respeita sempre a sua liberdade e que intervém sempre em favor da sua dignidade.
É neste Deus que nós acreditamos, pois Creio em um só Deus….
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