segunda-feira, março 28, 2011

"Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do Mundo"

Jesus e uma mulher samaritana encontram-se junto ao poço de Jacob e estabelecem entre si um prolongado e curioso diálogo.
O diálogo em si já constitui algo de surpreendente. Na verdade, trata-se de uma conversa entre um homem e uma mulher, em lugar público e à luz do dia, o que era considerado reprovável. Até “os discípulos ficaram admirados por Ele estar a falar com aquela mulher”. Além disso, trata-se de uma mulher samaritana. Ora, como informa o evangelista, “os judeus não se dão com os samaritanos”.

Depois, o diálogo é, de parte a parte, franco e provocador. Cada um pergunta e responde, sem rodeios nem reservas, o que pensa e o que sente.

A samaritana considera um atrevimento que Jesus tenha metido conversa com ela, pedindo-lhe de beber, e, por conseguinte, interpela-o, em tom de censura: “como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana? Mais adiante, põe em dúvida que Jesus lhe possa dar uma “água viva”, uma água superior à daquele poço: “serás tu maior do que o nosso pai Jacob?”

Por sua vez, Jesus também a provoca, quando a manda ir chamar o marido, sabendo Ele muito bem, como confirmará depois, que ela se encontra numa situação irregular. “Não tens marido, pois já tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu”. No entanto, com esta sua intervenção, Jesus, de modo algum, pretende humilhar a mulher. Pelo contrário, deseja ajudá-la a tomar consciência da realidade em que vive e levá-la à conversão.

Jesus também questiona e corrige a concepção que ela tem quanto ao lugar em que se deve prestar culto a Deus. Para Deus, o importante não é o lugar de culto mas as pessoas Lhe prestem culto. Estas devem adorá-lo em “espírito e em verdade”, um culto que brote do coração, que seja autêntico e sincero.

O Diálogo vence todas as barreiras e preconceitos, a nível étnico, cultural e religioso. E, acima de tudo, permitiu à samaritana chegar ao verdadeiro conhecimento de Jesus. Graças àquele encontro, ela reencontrou o sentido da vida e readquiriu a sua dignidade. Jesus torna-se próximo das pessoas e fala com elas, entra nas suas vidas e comunica-lhes a sua, precisamente para as recuperar e salvar.

A mulher, no início do diálogo, pensa que Jesus é apenas um judeu, um judeu atrevido! Depois, quando Jesus mostra conhecer a sua vida pessoal, suspeita que seja um profeta. De seguida, o próprio Jesus se apresenta como o Messias esperado. Finalmente, com todos os outros seus conterrâneos, descobre e confessa que Ele é o Salvador do mundo.

Tudo começou por um encontro, aparentemente, fortuito, e, a partir deste, chega ao encontro pessoal com o Salvador dos homens! Foi ao poço, como todos os outros dias, buscar água, mas, nesse dia, tendo encontrado lá a Fonte da água viva, voltou repleta dessa água que “jorra para a vida eterna”!

E essa “água viva” impele-a a deixar a bilha junto ao poço e a correr à cidade, para partilhar com os seus concidadãos aquela extraordinária experiência.
Os samaritanos, interpelados pela mulher, foram pressurosos ao encontro de Jesus e entusiasmaram-se tanto que Lhe pediram que ficasse mais algum tempo com eles. Depois de dois dias com Jesus, muitos acreditaram nele e disseram à mulher: “já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. “Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo”.
  • Não basta conhecer Deus só de ouvido, ou seja, pelo que os outros dizem, ainda que sejam excelentes pregadores;
  • Não basta conhecer as verdades sobre Deus, ainda que sejam expostas pelos mais qualificados teólogos; 
  • Não basta participar nas acções litúrgicas, ainda que sejam as mais esplendorosas; n
  • Não bastam os exemplos dos santos, ainda que sejam os mais famosos.
Tudo isso ajuda mas não é suficiente. É indispensável o encontro pessoal com Jesus. Só então a fé acontece - uma fé que entusiasma o homem e transforma a sua vida!

A mulher devia ter ido com pressa buscar a água. De resto, “era por volta do meio-dia” e fazia muito calor! No entanto, ela esqueceu a pressa e abstraiu-se do calor, entregando-se inteiramente ao diálogo com Jesus! E, depois, ainda teve tempo para levar muitos outros até Jesus!
Quem, como a mulher samaritana, encontra Jesus e entra na sua intimidade sente-se naturalmente impelido a tornar-se seu discípulo por toda a vida e, ao mesmo tempo, como verdadeiro missionário, a anunciá-lo aos homens.

segunda-feira, março 14, 2011

"... mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus".

Depois de ter sido baptizado por João, Jesus, impelido pelo Espírito Santo, retira-se para o deserto, onde permanece quarenta dias. Durante esse longo período de silêncio e oração, sempre acompanhado pelo Espírito e em íntima comunhão com o Pai, Jesus prepara-se para a sua missão entre os homens.
Visitado e tentado pelo Demónio, Jesus repele categoricamente todas as suas propostas, proclamando claramente a superioridade da palavra de Deus sobre os bens materiais e a supremacia de Deus sobre a fama e o poder deste mundo.

Jesus não usa o seu poder divino para refutar e confundir o Demónio. A fome não lhe rouba a lucidez e a serenidade. Na verdade, embora podendo, Jesus não transforma as pedras em pão. Também não brinca com o poder divino, lançando-se do pináculo do templo abaixo. Muito menos se deixa seduzir pelo poder e o esplendor dos reinos deste mundo. Jesus não aceita nem cede aos desafios do Demónio. Não faz os milagres que este lhe pede para provar que é Filho de Deus. Se os tivesse realizado, Jesus teria caído na cilada e o Demónio teria saído vitorioso. Jesus sabe que é por outro caminho que deve mostrar aos homens a sua verdadeira identidade.

Nas três diferentes situações em que o Demónio O coloca, Jesus rebate-o sempre com passagens da Escritura, ou seja, responde-lhe e vence-o com a palavra de Deus. Agindo deste modo, Jesus mostra, por um lado, que conhece bem as Escrituras, e, por outro, que vive em perfeita sintonia com a vontade de Deus, que elas revelam. A comunhão com Deus e a fidelidade à sua Palavra explicam e tornam possível a vitória de Jesus sobre o Demónio e o mal que ele personifica.

As palavras com que Jesus responde ao Demónio podem servir de ponto de partida para a nossa vivência da Quaresma. Estas palavras, se meditadas no coração, ajudam-nos a descobrir qual a justa atitude que devemos assumir diante de Deus, bem como face às realidades humanas e às coisas deste mundo. E, nessa mesma medida, ajudam-nos a vencer as grandes e pequenas tentações da nossa vida.

Assim, apesar da pressa e da agitação em que vivemos, devemos, ao longo deste tempo da Quaresma, fazer deserto e silêncio interior, parar para escutar e meditar as palavras de Jesus, ou melhor, o próprio Jesus. Precisamos de tempo e de coragem para examinar e confrontar a nossa vida, sobretudo as nossas motivações, à luz das suas palavras.
 “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Tentado e iludido, anestesiado e alienado pelo consumismo, o homem precisa de acordar para a sua dimensão espiritual e tomar consciência de que tem fome (necessidade) de Deus. O homem precisa de Deus, da palavra que sai da sua boca e do amor que jorra do seu coração. Sem este mais de Deus, ainda que usufrua de todo o bem-estar material, o homem acaba por se sentir existencialmente incompleto e insatisfeito.
“Não tentarás o Senhor teu Deus”. Tenta a Deus aquele que, por mero capricho, Lhe pede que faça algo de extraordinário e que não é de qualquer utilidade para ninguém. Depois, aquele que quer que Deus lhe faça o que ele, com o seu trabalho e as capacidades que tem, pode fazer. E ainda aquele que exige a Deus um determinado milagre como condição para acreditar nele. É muito forte a tentação do homem de pôr Deus à prova, de O submeter ou subordinar aos seus gostos e necessidades. Quem faz exigências deste tipo mostra que não acredita verdadeiramente nem está interessado em acreditar em Deus, mas procura apenas um pretexto para justificar a sua descrença. Ora, o que Deus revelou de si mesmo e fez em nosso favor por seu Filho Jesus Cristo é “o milagre extraordinário”, “a grande razão” – milagre e razão mais que suficientes – para que o homem acredite nele.

“Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto”. A ambição do poder, do mesmo modo que a ganância da riqueza, leva o homem a desviar o seu coração de Deus. O homem gosta de exercer domínio sobre os outros, de ser o centro de todas as atenções, ser reconhecido em vida e perpetuar o seu nome para além da morte. Quando cede a esta tentação, o homem sobrepõe-se ao seu semelhante e desvaloriza Deus. Mesmo que não O negue, o homem acaba por não adorar exclusivamente a Deus nem Lhe prestar o culto que Lhe é devido. Ora, Deus, por ser único e por ser o Deus do amor, merece que O adoremos só a Ele, e, além disso, só a Ele dediquemos o culto da nossa vontade e do nosso coração, o culto da vida e do amor, o culto “em espírito e em verdade”.

terça-feira, março 01, 2011

A Cortegada acolhe em festa o Sr. Bispo


A Cortegada reuniu-se as 17.30 h para acolher entusiasticamente o Sr. Bispo da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício. A emoção percorreu o poema declamado pela D. Isabel . Foi também entregue ao Senhor Bispo uma pequena flor assim como uma mensagem bastante elucidativa como agradecimento pela surpresa desta visita, por parte da D. Anabela. Afinal  esta é apenas uma pequena anexa do Baraçal: "somos poucos mas bons"! 
A capela estava toda engalanada. O Bruno estendeu a sua capa de finalista de enfermagem e o Sr. Bispo rezou por todos diante da imagem de Nossa Senhora da Piedade. Já quase no fim, o Jorge Veiga ofereceu ao Senhor Bispo um pequeno porta-chaves que ele próprio tinha feito.

Alegria e esperança para enfrentar a doença


Hoje o Senhor Bispo, D. Manuel da Rocha Felicio visitou 11 doentes da paróquia do Baraçal. A alegria inundou os seus rostos.