segunda-feira, dezembro 31, 2007

A familia é “a principal “agência” de paz”. Bento XVI

O homem não começa nem aprende a viver em família nesta família global, mas sim na sua família natural. Esta funda-se sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher e é, na sua essência, “uma comunhão íntima de vida e de amor”.

A família assim entendida constitui, no dizer autorizado do Santo Padre, “a primeira e insubstituível educadora para a paz”, e “a principal “agência” de paz”.


E Bento XVI concretiza: “numa vida familiar sã experimentam-se algumas componentes fundamentais da paz:
• a justiça e o amor entre irmãos e irmãs,
• a função da autoridade manifestada pelos pais,
• o serviço carinhoso aos membros mais débeis porque pequenos, doentes ou idosos,
• a mútua ajuda nas necessidades da vida,
• a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, perdoar-lhe”.


A família humana, cada família é, deveria ser, essa é a sua principal razão de ser, uma comunidade de amor e de paz.

No entanto, hoje e desde algum tempo, verificamos que a família está em crise, sobretudo no nosso chamado mundo ocidental.


  • São muitos os que atentam contra ela, quer ao nível dos indivíduos quer ao nível dos Estados. Esses esquecem, ainda não se aperceberam ou não o querem reconhecer, que a crise da família constitui a maior e mais grave ameaça à paz.

    • Cada vez com mais facilidade e leviandade se desfaz o casamento e se destrói a família com apoio legal. E muitos, verdadeiramente inconscientes e insensatos, consideram isto como um avanço civilizacional!

    • Depois, a equiparação das uniões de facto ao casamento e a aprovação dos casamentos homossexuais constituem uma clara e perigosa deturpação do conceito de casa-mento e de família.

    • E porque não referir também, ainda que não seja politicamente correcto fazê-lo, a incapacidade ou a falta de vontade de muitos esposos e pais em construírem verdadeiras famílias – famílias que sejam comunidades estáveis de amor. Muitos desses não têm valores nem convicções. A quase todos esses falta o espírito de sacrifício.

    No que se refere aos filhos, os pais, de um modo geral, fazem grandes sacrifícios para lhes darem coisas e garantirem bem-estar. Mas não estão dispostos a fazer grandes sacrifícios para lhes darem o que é mais importante e indispensável para eles: uma família na qual possam viver e crescer harmoniosa e equilibradamente “em sabedoria, em estatura e em graça”.

Quando se verifica esta situação de crise, as famílias, precisamente porque o não são, tornam-se geradoras de tensões e de conflitos, são responsáveis por diversos fenómenos de marginalidade e violência que afectam e perturbam a estabilidade e a harmonia sociais.

É claro que a família, para realizar a sua missão, para garantir bons cidadãos, autênticos construtores da paz, não só não deve ser atacada como, pelo contrário, deve ser oportunamente apoiada por todos, muito concretamente pelos Estados. Estes, se efectivamente desejam agir de boa fé, devem saber e assumir que o investimento feito em favor da família é o melhor e o mais eficaz investimento ao serviço da paz.

E nós, os cristãos, muito mais do que todos os outros, devemos trabalhar em prol da família, pois acreditamos que a família humana é sagrada, é imagem da família divina.

• Em primeiro lugar, devemos defender, com coragem e de-terminação, o valor inquestionável da família tradicional (fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher) sem temer que nos considerem tradicionalistas e antiquados.

• Depois, procurando construir a nossa própria família à luz da palavra de Deus e seguindo o modelo da Sagrada Família de Nazaré.

Só assim Deus nos tomará a sério, quando lhe suplicarmos o dom da paz.

De verdadeiras famílias é o que os indivíduos e a sociedade mais precisam

Já o sabemos e acreditamos: a Família de Nazaré – a família de Jesus, Maria e José - é a mais sagrada de todas as famílias. Mas também sabemos e acreditamos que todas as famílias são sagradas.
Na verdade, Deus sonhou e criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, ou seja, como uma família, já que Deus é uma família: Pai, Filho e Espírito Santo. É a família no seu todo, e não o homem e a mulher considerados individualmente, que é a imagem de Deus, o reflexo do seu ser e da sua vida. À imagem de Deus, a família é uma comunidade de amor geradora de vida!
Deus quis e quer que a vida dos homens na terra seja e se desenrole segundo modelo da vida do Céu, o seja, segundo o modelo da família divina, até porque é a essa meta última que Deus deseja conduzir a humanidade inteira.

Ao enviar o seu Filho ao mundo dos homens, Deus quis que Ele nascesse e vivesse numa família humana. E Deus providenciou-lhe essa família, escolhendo e preparando Maria e José. Até o Filho de Deus, na sua condição humana, teve necessidade de uma família!
Deus quis, como vimos no domingo passado, que José recebesse Maria como sua esposa e assumisse a missão de pai em relação a Jesus. Deste modo, ele passa a fazer parte integrante e insubstituível da sagrada família. Agindo assim, Deus reconhece que Maria, como qualquer mãe, tem necessidade de um marido e que Jesus, como qualquer filho deste mundo, tem necessidade de um pai. Mais, Deus mostra que só com José, o esposo e pai, a família fica completa e perfeita.
É nesta família e como membro desta família que Jesus vive, cresce e se desenvolve “em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens”, isto é, de um modo equilibrado, harmonioso e feliz.

Toda a verdadeira família é sagrada, tem a sua origem em Deus, tem a aprovação e a bênção de Deus. Com efeito, a família, “enquanto comunhão íntima de vida e de amor fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher, é uma instituição divina colocada como fundamento da vida das pessoas” (Bento XVI).
  • Fundamento da vida das pessoas. As pessoas só podem viver e realizar-se como pessoas na comunhão de uma família. A família é necessária para todos e ao longo de toda a vida, e não só até ao momento em que cada um atinge a sua maturidade e autonomia. Trata-se de uma necessidade que abarca todo o existir do homem, desde o nascimento até à morte.
    Tanto assim é que o homem e a mulher, quando deixam o pai e a mãe, segundo a primeira página da Bíblia, só o fazem para se unirem um ao outro, ou seja, para formarem uma nova família.
  • Eles vão dar origem a uma nova família, para assim garantirem uma família até ao fim dos seus dias, uma vez que, segundo a normal lógica da vida, os pais partem antes dos filhos. Só dando origem a uma nova família – uma nova comunidade de amor geradora de vida – se perpétua a anterior, se assegura a sua sobrevivência, se garante o seu futuro.
    Por conseguinte, o deixar os pais, o formar uma nova família não significa, não pode significar, não seria justo que significasse renegar a família dos pais ou privar os pais da família, a família a que eles continua a ter direito e da qual continuam a ter necessidade até ao fim da sua vida.
  • Os filhos que partem não podem esquecer ou descurar os seus deveres em relação aos pais, sobretudo quando eles, por motivos de idade ou de doença, mais precisam do seu apoio e do seu amor.
O autor do livro de Ben-Sirá recorda oportunamente esses deveres dos filhos: “Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida”.

A ingratidão para com os pais parece ser um mal antigo. A exortação do autor sagrado, a necessidade de dirigir este apelo aos filhos revela que muitos estavam em falta.
  • Hoje, também são muitos. São, infelizmente, cada vez mais aqueles que não cumprem o quarto mandamento das Lei de Deus. Por isso, são muitos os pais que, nas suas próprias casas ou nos lares onde os colocaram, sentem o esquecimento e abandono dos filhos. A solidão a que são votados torna dramática e angustiante a sua vida, constitui o seu maior sofrimento, o mais difícil de suportar! Uma dor intensa e amarga que, normalmente, eles aceitam e vivem no silêncio. O silêncio próprio de quem continua a amar, apesar do seu amor não ser correspondido por aqueles que mais amam!

  • O amor e o apoio aos pais não deve ser entendido nem vivido como um simples dever, muito menos como um peso ou um fardo. Pelo contrário, como uma providencial oportunidade que temos de lhes retribuir um pouco pelo muito que fizeram e continuam a fazer por nós. Digo, continuam a fazer, porque, apesar de limitados fisicamente ou mesmo mentalmente diminuídos, eles continuam a amar-nos, oferecendo os sacrifícios da sua vida e rezando a Deus por nós.
  • Quem ama verdadeiramente os pais, quem vê neles a imagem mais fiel de Deus (os pais são, na realidade, a imagem mais próxima Deus, são o que temos de mais sagrado na terra!), quem tem consciência de que existe e de que deve o que é ao amor continuado e sofrido dos pais, esse considera uma sorte e sente-se feliz por poder fazer e sofrer alguma coisa por eles.
  • Além disso, deve ter presente a generosa recompensa de Deus: “a tua caridade para com o teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados”. Vede quanto vale aos olhos de Deus a caridade para com os pais! Ela obtém-nos o perdão dos pecados!


Aqueles que não amam e não cuidam dos pais, também não serão, por sua vez, bons pais em relação aos seus filhos. Esses não cumprirão responsavelmente a sua missão de pais, não construirão verdadeiras famílias.

De verdadeiras famílias é o que os indivíduos e a sociedade mais precisam.

Voltaremos a falar da família no dia de Ano Novo, já que o tema escolhido pelo Santo Padre para o próximo Dia Mundial da Paz é precisamente este: “Família humana, comunidade de paz”.
Entretanto, olhemos para a Sagrada Família de Nazaré, aprendamos com ela a ser família e imploremos a sua protecção para a nossa e para todas as famílias do mundo.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Mensagens de Natal

"Não são poucas as regiões do mundo onde o simples ir à Igreja constitui um testemunho heróico que expõe a vida da pessoa à marginalização e à violência. No mundo de hoje, os cristãos ainda são perseguidos, presos e torturados por causa da sua fé em Cristo, e algumas vezes, também sofrem e morrem pela sua comunhão com a Igreja universal e pela fidelidade ao Papa”.
Bento XVI



"O afastamento de Deus, ou o seu esquecimento e negação, constituem o maior drama da humanidade. Aconteceu, tantas vezes, em nome da autonomia do homem e da sua liberdade, pensando que pela sua inteligência e engenho podia atingir a plenitude da vida".
D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa

"É urgente que os políticos e outros responsáveis pela vida pública assumam a coragem de construir um futuro equilibrado, de tal maneira que sejamos um País e uma nação onde todos têm vez e voz”.
D. Manuel Felício, Bispo da Guarda

segunda-feira, dezembro 24, 2007

A Todos um Feliz Natal


Aproveito para desejar a todos a presença viva de Jesus no coração, que Ele nasça todos os dias em cada um.
BOM NATAL

sábado, dezembro 22, 2007

O “drama da desertificação”

Mensagem de Natal do Bispo da Diocese da Guarda

Na sua Mensagem de Natal, o Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício mostra-se preocupado com o “drama da desertificação humana” da região e considera que a situação poderá ser alterada “se houver coragem política”.
Para o Prelado Diocesano se o Governo tiver coragem política de discriminar positivamente as nossas regiões e soubermos canalizar investimentos vindos do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) para esta finalidade, certamente que nós vamos somar pontos e vamos encontrar caminhos”.
“O Senhor Presidente da República dizia que lhe parecia que já era tarde para atrair empresas para o nosso meio. Eu admito que não, se fizermos desta oportunidade, que dura seis anos, uma alavanca para, sobretudo, promovermos a iniciativa empresarial e de emprego dos nossos jovens”, afirmou D. Manuel da Rocha Felício aos jornalistas, após ter procedido à leitura da tradicional Mensagem Natalícia.
“Mais do que atrair grandes empresas” – considerou – “nós precisamos de ver os jovens da nossa terra empenhados em criar os seus próprios empregos”. “E há instrumentos à disposição de todos. Eu espero que as escolas, sobretudo as escolas terminais, voltem para aí a sua atenção de tal maneira que coloquem nas mãos dos jovens não só Diplomas que os enviam para o desemprego, mas, sobretudo, competências que os habilitem a entrar na produção de emprego e, isso é possível, nos condicionalismos que estão agora, objectivamente, criados”, considerou.
No tocante ao papel da Igreja neste processo, observou que a Cáritas Diocesana da Guarda, neste momento, “está a investir em frentes de luta contra a pobreza”, aludindo a um estudo já elaborado sobre a realidade da Diocese.
A diminuição da natalidade é outro assunto que preocupa o Bispo da Diocese da Guarda. D. Manuel da Rocha Felício considera que “ter um filho não pode ser oportunidade para a pessoa ser menos classificada em termos do seu emprego e da sua função social”. Para incrementar a natalidade no nosso país defende que seja posta em prática uma “discriminação positiva por via dos impostos”. “Sabemos hoje, que na Lei Portuguesa, um casal para pagar menos impostos, divorcia-se”, denunciou, considerando que “isto é um contra-senso”. “Então, um casal constituído paga xis de impostos, divorcia-se e paga menos impostos? Isto não passa pela cabeça de ninguém que quer construir um futuro de qualidade”. “Nós, se queremos construir um futuro de qualidade, temos que apostar nos valores e naquilo que dignifica as pessoas”, considerou.
Disse que esta situação “não tem jeito nenhum”. “Não passa pela cabeça de ninguém, mas são as contradições que hoje encontramos na praça pública. Temos que verificar, denunciar e, quando possível, anunciar caminhos alternativos”, sublinhou.
O Bispo da Diocese da Guarda mostrou-se esperançado que “as nossas leis passem a ser sensatas e não sejam um contra-senso como, em muitos aspectos, têm sido”.
Fonte: Jornal "A Guarda"

terça-feira, dezembro 11, 2007

Festa da Imaculada e da Catequese



O dia 8 de Dezembro é um dia cheio de beleza, carregado de comoção. É o dia em que a Mãe começou a ser concebida.

A História da Salvação começa a aproximar-se do seu auge. Preservada de toda a culpa, Maria adere incondicionalmente à vontade de Deus. A Sua grandeza está na Sua humildade.

A esta festa, associámos também as Festas da Catequese (Pai-Nosso, da Primeira Comunhão, da festa da Palavra e da Vida). Como não foi possível celebrá-las no fim do ano, como é normal, escolhemos o dia da PADROEIRA.

Maria é essa mulher que Deus escolheu para ser a mãe do Filho de Deus: "Avé, ó cheia de graça, o Senhor está contigo". Tal como Maria, também nós somos convidados a permanecer em graça e, se pelo pecado, a perdermos, a procurá-la através dos meios que Deus põe à nossa disposição.

Encontremos em Maria um modelo e procuremos imitá-la.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

D. Manuel Felício dá novas orientações pastorais para a Iniciação Cristã

A cúria Diocesana da Guarda acaba de publicar um texto com o título “Orientações pastorais para a Iniciação Cristã”.

Depois de um longo tempo de reflexão e consultas variadas, que demorou mais de um ano, o documento apresenta normas que foram elaboradas para ajudar os párocos e outros agentes pastorais e actuar com unidade de critérios na pastoral da Iniciação Cristã e da formação na Fé.

Depois de dizer o que é a Iniciação e o Catecumenado, o texto dá orientações para a prática pastoral em toda a nossa Diocese, nas seguintes situações:
  • Baptismo das crianças nos primeiros dias de vida;
  • Baptismo de crianças em idade de catequese;
  • Primeira Comunhão e Sacramento da Confirmação;
  • Adultos que pedem o Baptismo;
  • Iniciação Cristã e formação permanente de adultos baptizados em criança.

Recomenda-se vivamente a leitura e aplicação destas normas por todos os agentes pastorais, a começar pelos sacerdotes, para termos unidade de critérios, ao decidir sobre as várias situações aí contempladas”, refere D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, em relação ao documento.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Os desafios de Deus

Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.


A segunda leitura, garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher – um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.

A primeira leitura, mostra (recorrendo à história mítica de Adão e Eva) o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência… Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.

O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a auto-suficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu “sim” total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

História do Advento

Desenvolvimento histórico do tempo litúrgico do Advento.

Não pode ser determinada com exactidão quando foi introduzida na Igreja a celebração do Advento. A preparação para a festa de Natal não deve ser anterior à existência da própria festa, e desta não encontramos evidência antes do final do século IV quando era celebrada em toda a Igreja, por alguns no dia 25 de Dezembro, por outros em 6 de Janeiro.

Por razões históricas, a festa do nascimento de Cristo não pode ser celebrada, publicamente, nos primeiros séculos da Igreja. Apenas em 313, passou a ser reconhecida e protegida pelo Imperador romano, Constantino.
Alguns anos mais tarde, por volta de 330, esta festa foi instituída, para dar um sentido novo a uma festa pagã, que lhe era anterior: a festa do solstício de Inverno, que tinha sido criada por Aureliano, no ano de 274. Com esta festa, os romanos celebravam antecipadamente a fertilidade dos campos e o “nascimento” do sol. Os cristãos deram uma dimensão totalmente original, substituindo o astro-sol pelo “Verdadeiro Sol”, o “Sol da Justiça”, o único que traz a vida ao mundo, Jesus Cristo.

Lemos nas actas de um sínodo de Zaragoza, em 380, um cânon que prescreve que desde 17 de Dezembro até à festa da Epifania ninguém deveria faltar na igreja.

Temos duas homilias de São Máximo, Bispo de Turim (415-466), intituladas "In Adventu Domini", mas não fazem referência a nenhum tempo especial. O título pode ser a adição de um copista.

Existem algumas homilias, provavelmente a maior parte de São Cesáreo, Bispo de Arles (502-542), nas quais encontramos menção de uma preparação antes do Natal; todavia, a julgar pelo contexto, não parece que exista nenhuma lei geral sobre a matéria.
Um sínodo desenvolvido (581) em Macon, na Gália, em seu nono cânon, ordena que desde o dia 11 de Novembro até ao Natal o Sacrifício seja oferecido de acordo com o rito quaresmal nas Segundas, Quartas e Sextas-feiras da semana.

O Sacramentário Gelasiano anota cinco domingos para o tempo; estes cinco eram reduzidos a quatro pelo Papa São Gregório VII (1073-85).

A colecção de homilias de São Gregório Magno (590-604) começa com um sermão para o segundo Domingo de Advento.

No ano 650, o Advento era celebrado na Espanha com cinco Domingos. Vários sínodos fizeram cânones sobre os jejuns a observar durante este tempo, alguns começavam no dia 11 de Novembro, outros no 15, e outros com o equinócio de Outono. Outros sínodos proibiam a celebração do matrimónio.

Na Igreja grega não encontramos documentos sobre a observância do Advento até ao século VIII. Teodoro o Estudita (m. 826), que falou das festas e jejuns celebrados comumente pelos Gregos, não faz menção deste tempo. No século VIII, desde o dia 15 de Novembro até ao Natal, é observado não como uma celebração litúrgica, mas como um tempo de jejum e abstinência que foi posteriormente reduzido a 7 dias.

Mas um concílio dos Rutenianos (1720) ordenava o jejum de acordo com a velha regra desde o 15 de Novembro. Esta é a regra ao menos para alguns dos Gregos. De maneira similar, os ritos Ambrosiano e Moçárabe não têm liturgia especial para o Advento, mas somente o jejum.

sexta-feira, novembro 30, 2007

A NOVA ENCICLICA "Spe salvi" (Salvos pela Esperança)

Spe salvi (Salvos pela esperança) é o título da segunda encíclica de Bento XVI, dedicada ao tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança perante as questões relacionadas com o transcendente.
"O homem tem necessidade de Deus, de contrário fica privado de esperança". O Deus em que os cristãos acreditam apresenta-se como verdadeira esperança para o mundo contemporâneo porque lhe abre uma perspectiva de salvação.

Bento XVI considera que só é possível viver e aceitar o presente se houver "uma esperança fidedigna" e destaca a importância da eternidade, não no mundo actual - "a eliminação da morte ou o seu adiamento quase ilimitado deixaria a terra e a humanidade numa condição impossível", mas como "um instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade".

"Deus é o fundamento da esperança, não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto".

A carta do Papa, hoje divulgada pelo Vaticano, defende que só Deus é a "verdadeira esperança" e aborda por diversas vezes a questão da "vida eterna", frisando que "ninguém se salva sozinho".

O documento começa por apresentar um enquadramento teológico da esperança cristã, a partir dos textos bíblicos e dos testemunhos das primeiras comunidades eclesiais. O Papa apresenta ainda os ensinamentos de vários Santos da Igreja a respeito do tema da encíclica e escreve que "conhecer Deus" significa "receber esperança".

Depois de negar que Jesus tenha trazido uma mensagem "sócio-revolucionária", Bento XVI aborda a questão da evolução para afirmar que "a vida não é um simples produto das leis e da casualidade da matéria, mas em tudo e, contemporaneamente, acima de tudo há uma vontade pessoal, há um Espírito que em Jesus se revelou como amor".

O Papa cita, entre outros, Platão, Lutero, Kant, Bacon, Dostoievski, Engels e Marx para falar de esperança e de esperanças, de razão e liberdade, da construção de um mundo sem Deus que pretende responder aos anseios do ser humano.

"Nenhuma estruturação positiva do mundo é possível nos lugares onde as almas se brutalizam".

Construções ideológicas

Para além das reflexões teológicas e filosóficas, o texto aborda sistemas e ideologias. "O homem não é só o produto de condições económicas nem se pode curar apenas desde o exterior, criando condições económicas favoráveis", indica o texto papal, ao criticar o "materialismo" marxista.

Bento XVI diz mesmo que "não existirá jamais neste mundo o reino do bem definitivamente consolidado" e que mesmo as melhores estruturas "só funcionam se numa comunidade subsistem convicções que sejam capazes de motivar os homens para uma livre adesão ao ordenamento comunitário".

“Se não podemos esperar mais do que é realmente alcançável de cada vez e de quanto nos seja possível oferecerem as autoridades políticas e económicas, a nossa vida arrisca-se bem depressa a ficar sem esperança”.

Quanto ao progresso científico, a encíclica alerta para as "possibilidades abissais de mal" que se têm aberto e pede uma "formação ética do homem" para que este progresso não se transforme numa "ameaça para o homem e para o mundo".

"Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor", assinala, numa crítica às pretensões do pensamento moderno.

Numa linha de continuidade com a sua primeira encíclica, Bento XVI sublinha a dimensão comunitária da esperança e refuta as críticas de que a salvação proposta pela fé cristã seja "fuga da responsabilidade geral". "O amor de Deus revela-se na responsabilidade pelo outro".

A segunda parte deste documento teológico apresenta uma série de lições, considerações mais práticas sobre a vivência da esperança.

O Papa indica que rezar “não é retirar-se para o canto da própria felicidade e que “o nosso agir não é indiferente diante de Deus” nem para “o desenrolar da história”. “A capacidade de sofrer por amor da verdade é medida de humanidade”.

Neste ponto, Bento XVI adverte quem optou pela indiferença perante o amor, a verdade ou o bem, assinalando que “não é a fuga diante da dor” que cura o homem.

“A capacidade de sofrer por amor da verdade é medida de humanidade”.

A nova encíclica acaba por fazer referência ao ateísmo e a quantos querem “um mundo que deve criar a justiça por sua conta”, esquecendo que “Deus sabe criar a justiça”.

O chamado “juízo final” surge, assim, como um “apelo à responsabilidade e como um resposta “à impossibilidade de a injustiça da história ter a última palavra”. Por isso afasta a ideia de uma restauração universal e fala de inferno e purgatório, porque “com a morte a opção de vida feita pelo homem torna-se definitiva”.

“Como cristãos, não basta perguntarmo-nos como posso salvar-me, devemos antes perguntar: o que posso fazer para que os outros sejam salvos e nasça, também para eles a estrela da esperança? Então, terei feito também o máximo pela minha salvação pessoal”.
Leia a Nova Enciclica aqui

sábado, novembro 24, 2007

A CRUZ é o trono de Deus...


Celebrar a festa de Cristo Rei:

  • Não é celebrar um Deus forte e dominador que se impõe aos homens do alto da sua omnipotência e que os assusta com gestos espetaculares;
  • é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor.

A CRUZ é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida.

  • Por isso, a festa de Cristo Rei convida-nos a repensar a nossa existência e os nossos valores.
  • Diante deste "rei" despojado de tudo e pregado numa cruz, não serão completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimento?

  • Diante deste "rei" que dá a vida por amor, não serão completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas, as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos?

  • Diante deste "rei" que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?

Certamente sentimo-nos felizes em sermos cidadãos desse Reino. Por isso, alegremo-nos e façamos com que ele tenha o lugar mais importante dentro de nosso coração...

sexta-feira, novembro 16, 2007

ELE está de olhos em ti...


ELE:

  • Conhece (-te)
  • Ama (-te)
  • Procura (-te)
  • Chama (- te)

VEM CONHECER JESUS... QUE CATIVA!

quinta-feira, novembro 15, 2007

Sê generoso para com os Seminários

Dia 17 - Celebração do Crisma (a nível Arciprestal) - Igreja de Santa Maria - 15.00 h

Dia 18 - Celebração da Palavra - 10.00 h

SEMINÁRIO:
  • Escola de formação Sacerdotal (uma história que começou em 1601... e continua a escrever-se hoje. Nos últimos 75 anos, o Seminário Maior da Guarda deu à Diocese 327 sacerdotes!!! Actualmente temos 20 seminaristas);

  • Um espaço aberto a outros serviços (residência para sacerdotesaposentados, Escola de Música Sacra, Serviços diocesanos - pré-Seminário - Vocações - Tribunal Eclesiástico - Catequese - Liturgia - Missões - Arte Sacra - EMRC);

  • A vida desta instituição faz-se com 200.000 euros anuais. Grande parte é fruto da generosidade de muitos cristãos.


sábado, novembro 10, 2007

SEMANA DOS SEMINÁRIOS

Este é o local onde cresce o futuro.

O Seminário é o “espaço e o tempo” em que se “acolhe e trabalha a sementeira, feita no campo imenso e plural da juventude”, um trabalho “criativo” nas famílias, nas comunidades, nos movimentos apostólicos, na pastoral juvenil e universitária, no voluntariado missionário, no serviço aos pobres e em tantos gestos de verdade, de heroicidade e de doação, mas que pede uma “aposta na esperança” e um “acreditar que o tempo não é perdido”.
A tão propalada "crise de vocações" na Igreja Católica não pode ser dissociada da vivência da fé nas famílias cristãs.
O progressivo decréscimo das vocações no Ocidente liga-se "à diminuição do número de famílias que vivem com uma referência explícita à fé". Falta a "compreensão da identidade vocacional enquanto família e referência ao Evangelho, mas também enquanto vivência dessa identidade que se traduz numa missão concreta na Igreja".

segunda-feira, novembro 05, 2007

“Hoje entrou a salvação nesta casa”.

Hoje a salvação acontece na vida de Zaqueu, “porque Zaqueu também é filho de Abraão”. Zaqueu também está abrangido pela promessa da salvação de Deus, do Deus que ama todos os homens, mesmo os maiores pecadores.

  • A salvação acontece, porque Jesus “veio procurar e salvar o que estava perdido”. Jesus também veio procurar Zaqueu, tal como o pastor procura a ovelha perdida, manifestando-lhe o amor misericordioso de Deus.

  • A salvação acontece, porque Zaqueu foi ao encontro de Jesus, recebeu-O em sua casa, acolheu-O na sua vida, deixou-se tocar por Ele, aceitou o desafio de uma vida nova.
  • A salvação acontece, porque Jesus não receia aproximar-se dos publicanos e de conviver com Eles. Jesus não teme nem o inibem as murmurações e a desaprovação dos fariseus. Pelo contrário, resiste-lhes com frontalidade, pondo de manifesto as suas contradições.
  • A salvação acontece, porque Zaqueu também não se deixa vencer pelos preconceitos. O desejo de ver Jesus sobrepõe-se a tudo o que as pessoas possam dizer ou comentar a seu respeito. Nesse sentido, ele corre à frente da multidão e sobe a uma árvore.
Depois, vem o encontro pessoal e íntimo com Jesus. Para conhecer e acreditar, para que a salvação possa acontecer, é necessário escutar, privar de perto, partilhar a vida, abrir a mente e o coração à graça de Deus.

“Hoje entrou a salvação nesta casa…” .
Nesta casa onde, segundo os critérios dos fariseus, Jesus não deveria entrar; aconteceu na vida de um homem que, segundo os critérios dos mesmos fariseus, Jesus deveria evitar. A salvação aconteceu na vida de Zaqueu, porque Deus não se deixa condicionar nem aprisionar pelos critérios dos homens. Os homens não podem impor limites ao amor de Deus! Não podem ser eles a dizer quem é que Deus deve ou não salvar!
Por isso mesmo, Jesus salva aquele homem que os fariseus já tinham condenado, que eles consideravam como excluído e rejeitado por Deus. Se Deus fosse como os fariseus queriam e imaginavam que fosse, seria um Deus que não conviria aos homens!
A salvação acontece na vida de Zaqueu e são vários os sinais a testemunhar isso mesmo: a alegria com que recebe Jesus, a confissão das suas culpas e o arrependimento que manifesta, a reparação dos danos causados e a partilha dos seus bens.
A salvação gera vida nova, uma nova atitude do homem em relação a Deus e em relação ao seu semelhante. Zaqueu, convertido a Deus, torna-se particularmente solidário e generoso em relação aos pobres, aos quais dá metade dos seus bens.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Os santos nunca desistiram

Hoje, celebramos todos aqueles que, durante a sua vida na terra, procuraram o Senhor e, agora, cantam eternamente no Céu os seus louvores! Hoje, Solenidade de Todos os Santos, celebramos aqueles que acreditaram em Cristo e, no seu existir quotidiano, O seguiram com fidelidade e constância, mesmo no meio das provações e tribulações da vida!
Os santos, aos quais a Igreja dedica este dia, são todos os baptizados que assumiram conscientemente e viveram empenhadamente a sua condição de filhos de Deus.

Filhos de Deus pela fé em Cristo e pelo sacramento do Baptismo, eles trabalharam, cada um a seu modo e nas mais diversas situações e circunstâncias da vida, na construção do Reino de Deus, seguindo o programa das Bem aventuranças.
A sua fé em Cristo iluminou toda a sua vida e a vida no seu todo:
• a vida pessoal, familiar e social;
• a sua vida interior, ao nível dos pensamentos, atitudes e sentimentos ou mesmo dos seus sonhos, ideais e projectos;
• o seu agir, ou seja, as suas actividades, comportamentos e relações humanas.

A maior parte dos santos foram cristãos comuns e cidadãos anónimos.
Não se distinguiram pelos cursos que fizeram, pelos lugares que ocuparam, pelos cargos que desempenharam, pela riqueza que adquiriram; não realizaram nada de invulgar, não deram nas vistas, não chamaram a atenção dos outros, nem no seio da Igreja nem da sociedade.
No entanto, eles viveram, à luz da fé e animados pela fé, a sua condição humana e a sua vocação cristã.

Os santos (é bom que se diga e se sublinhe) também:
• foram pecadores, cometeram erros e tinham defeitos;
• teles se enganaram em muitas coisas, tomaram atitudes incorrectas e estabeleceram relações difíceis com algumas pessoas;
• eles foram assaltados por dúvidas, questionaram Deus e experimentaram o desânimo.

Porém, não desistiram. Pelo contrário, progrediram na perfeição e perseveraram até ao fim, porque continuaram a dar a Deus a oportunidade de os esclarecer com a sua palavra e de os fortalecer com o seu amor.
Não desistiram, porque continuaram a rezar e a celebrar os sacramentos.
Não desistiram, porque esperavam firmemente a re-compensa do Reino dos Céus, a vida eterna.

Passaram despercebidos aos olhos dos homens, não foram distinguidos nem condecorados na terra. Mas Deus, que segue atentamente a vida dos homens e conhece perfeita-mente os seus corações, recompensou-os com a plenitude da vida do Céu.

segunda-feira, outubro 29, 2007

O tecto do Altar-Mor já foi colocado

Conforme o previsto, o tecto do Altar-Mor já foi colocado. Ainda faltam os pormenores, mas já faltou mais...

A Igreja está a ficar cada vez melhor... graças à ajuda de todos!

sábado, outubro 27, 2007

Festival e roteiro... do Borrego

A Câmara de Celorico da Beira promove, de hoje até dia 3 de Novembro, um festival do borrego, com o objectivo de divulgar aquela iguaria gastronómica local. O evento, que é realizado pela primeira vez, inclui uma feira do borrego, a ter lugar na freguesia de Carrapichana, e um roteiro gastronómico que envolverá 21 restaurantes do concelho.

Borrego guisado, recheado, grelhado, assado no forno, caldeirada e feijoada de borrego, são algumas das ementas que os visitantes poderão apreciar durante o evento.

As raças do Queijo da Serra
Os pastos do concelho de Celorico da Beira apascentam, anualmente, cerca de 30 mil ovelhas das raças "bordaleira" e "churra mondegueira".
São duas variedades particularmente apreciadas pelos gastrónomos mais exigentes, sendo a Bordaleira da Serra da Estrela, desde sempre, seleccionada para a produção de leite, o qual se utiliza na produção do famoso Queijo da Serra da Estrela. Aliás, a ligação da raça ao queijo já era cantada pelo dramaturgo português do século XVI, Gil Vicente, no "Auto dos Pastores".


Fonte: Diário das Beiras

terça-feira, outubro 23, 2007

Horários

Dia 28 - Eucaristia - 12.00 h Dia 1 - Celebração da Palavra e Romagem ao Cemitério - 15.00 h

terça-feira, outubro 16, 2007

Horários

Dia 21 - Celebração -10.30 h

Peditório para as Missões

sábado, outubro 13, 2007

Guarda ordena dois diáconos no Dia Mundial das Missões

No dia 21 de Outubro, Dia Mundial das Missões, vão ser ordenados dois novos diáconos na Diocese da Guarda. Um será Diácono Permanente e o outro cumpre uma etapa no caminho para o sacerdócio, devendo ser ordenado Presbítero depois de terminado o estágio que está a fazer sob orientação do Seminário Maior.

A celebração destas duas ordenações será na Sé da Guarda, às 16.00 horas.

segunda-feira, outubro 08, 2007

O 5º, 6º e 7º anos de Catequese iniciam Quarta Feira um novo ano

O princípio do ano escolar é um tempo propício, favorável e imprescindível no percurso pedagógico, no processo educativo das Escolas e no itinerário catequético das Comuni-dades cristãs. As famílias vivem este tempo com encanto, com interesse e com esperança, porque aqui se situa o horizonte de uma necessária e saudável complementaridade entre as famílias e tantos outros agentes educativos que se completam nesta missão única e comum - a missão de educar.

O educador cristão deve aprender a pedagogia vivida na escola dos discípulos de Jesus, o Mestre, deixando-se moldar pelos critérios do Evangelho e pelos paradigmas das Bem-aventuranças e encontrando em cada novo dia de Catequese a alegria, a coragem e o gosto de educar. O educador cristão deve procurar na oração, na escuta da Palavra e na celebração da fé e dos sacramentos ouvir Deus e viver de Deus para depois falar de Deus, da sua vida e do seu amor, àqueles a que é enviado a ensinar e a educar.
Educar é para o cristão falar de Deus e da mensagem do Evangelho de Jesus, o Filho de Deus. Educar é falar com Deus na oração dos educadores, das famílias e das comunidades.
Educar é, finalmente, revelar uma coerência de vida no testemunho de pais e de educadores na certeza de que se aprende sempre mais nos exemplos do que nas palavras.

A educação não pode silenciar Deus, não deve esquecer Deus, porque sempre que isso acontece é a vida humana que perde sentido e a sociedade que se desencontra do seu rumo histórico.
Na próxima Quarta-Feira, pelas 15.30 h,
iniciamos a Catequese do 5º, 6º e 7º Anos.
É um grande esforço a nível Arciprestal.
Concentrar todos aqueles que querem aprofundar os seus conhecimentos e avançar na sua vida de cristãos num único espaço (Centro Pastoral D. João de Oliveira Matos) não é fácil, mas é o futuro. As condições fisicas e pedagógicas são incomparavelmente melhores. Certamente, os pais que estão convictos da importância da formação religiosa dos filhos, irão empenhar-se e a colaborar connosco.
Participa e colabora na educação cristã do teu filho.

domingo, outubro 07, 2007

"Aumenta a nossa fé"

Os apóstolos fazem este pedido a Jesus depois de O terem ouvido falar sobre a gravidade dos escândalos e a necessidade de perdoar sempre.
O escândalo (a que Jesus se refere) acontece quando uma pessoa, pelo que diz ou faz, pelo que ensina ou pelo modo como vive, contradiz a verdade da fé, ao ponto de levar alguém a duvidar da verdade, da bondade e do amor de Deus. E a gravidade do escândalo é maior quando este atinge e afecta os “pequeninos”, ou seja, os simples e os humildes como as crianças.

No que se refere ao perdão, Jesus diz: “se te ofender sete vezes ao dia e sete vezes te vier dizer: ” arrependo-me”, perdoa-lhe”. Esta é, sem qualquer dúvida, a exigência mais difícil de viver, mas é também a que mais e melhor distingue os verdadeiros cristãos. O perdão é, seguramente, a expressão mais eloquente e mais credível do nosso amor ao próximo.
Por isso mesmo, o maior escândalo que um discípulo de Jesus pode dar é o de recusar-se a perdoar ao seu irmão. E este é, infelizmente, um escândalo muito frequente entre as comuni-dades cristãs. Alguns recusam-se, por muito tempo ou mesmo por toda a vida, a perdoar.
Perante esta realidade, e desejando ser fiéis aos ensina-mentos do Mestre, os apóstolos suplicam ao Senhor: “aumenta a nossa fé”.
Eles sabem, por experiência própria, como é difícil per-doar, mesmo que seja uma só vez, quanto mais perdoar sempre! Eles pressentem que só com uma fé mais forte, fé que só Deus lhes pode conceder, conseguirão evitar os escândalos, sobretudo o escândalo de não perdoar.

Em resposta, Jesus diz-lhes que é suficiente ter a fé como um grão de mostarda. Jesus usa a imagem do grão de mostarda, não para se referir ao tamanho da fé, mas para exprimir a intensidade, a potencialidade e o dinamismo da verdadeira fé.
• Quando acredita de verdade, quando confia plenamente em Deus e deixa que Deus actue na sua vida, o homem é capaz de fazer as coisas mais difíceis, é capaz de realizar verdadeiros milagres, como o milagre de perdoar as ofensas, imitando assim o próprio Deus.
• A fé dá-nos a capacidade de ver tudo e todos com os olhos e o coração de Deus. Nessa medida, conseguimos ver naquele que nos ofende um irmão, um irmão a quem devemos amar e perdoar, imitando Deus que ama e perdoa sempre ao pecador arrependido.

“Aumenta a nossa fé”.
“Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”. A fé nasce e alimenta-se continuamente da palavra de Deus.
E Deus fala aos homens de hoje como falou aos homens dos tempos bíblicos!
Ele fala e actua no hoje da nossa vida, no nosso existir quo-tidiano, revelando-se a nós e testemunhando o seu amor por nós.
E Deus conversa connosco não apenas no hoje da liturgia e da vida da Igreja, mas também no hoje da nossa vida pessoal. Importante e necessário é estar atentos e abrir o nosso coração a Deus.
Deus quer fazer de cada dia da nossa vida o hoje do seu encontro connosco. Demos-lhe essa liberdade e aproveitemos essa oportunidade. Então crescerá a nossa fé e seremos capazes de realizar as obras da fé!

quarta-feira, setembro 19, 2007

Catequese: um novo começo...

Hoje, não se nasce cristão. Porque para ser cristão já não basta ter uma série de hábitos (ir à missa) e fazer uns tantos gestos (fazer a Primeira-Comunhão, ir às procissões, …).

Começando em qualquer idade, quem quiser ser cristão tem de se preparar. Tem de ser iniciado. Passar por um processo de transformação interior que o leva a identificar-se pessoalmente com Cristo.

O projecto de catequese aponta para isso mesmo: para iniciar a vida cristã.
  • Iniciar na Fé
    Já lá vai o tempo em que catequese era sinónimo de decorar listas de palavras incompreensíveis para a idade. Quem quer ser cristão, quer conhecer melhor esse Jesus Cristo em que se aposta. Conhecer não apenas de “ouvir dizer” mas em profundidade. Um conhecer que não se fica pela memória mas que é verdadeira intimidade com Ele. A catequese não se contenta com admirar o homem extraordinário que foi Jesus de Nazaré. Descobrimos que Ele é a imagem verdadeira de Deus. Para lá do que cada um “acha”, reconhecemos que Jesus de Nazaré é a palavra definitiva de Deus.
  • Iniciar na Celebração
    A realidade de Jesus de Nazaré não é um acontecimento do passado. Na catequese descobrimos que Ele está presente e actuante ainda hoje. A Igreja, grupo dos seguidores apaixonados de Jesus, tem vários gestos e experiências em que Ele se torna presente. Aí, nos sacramentos, é possível encontrá-lO. Deixar que a sua força renovadora transforme a nossa vida. A catequese não se contenta em dizer que é preciso participar nos sacramentos. Ajuda a celebrar com autenticidade.
  • Iniciar no seguimento do Senhor
    Quem descobriu Jesus como a única palavra que dá sentido e esperança quer viver como Ele viveu. A catequese ajuda o catequizando a ultrapassar o modo “velho” de viver. Não se limita a dizer como é que o cristão deve viver. Ajuda-o a pôr em prática, em cada idade e circunstância, os convites de Jesus: “Tu, vem e segue-me”.
  • Iniciar na Oração
    A catequese que queremos inicia e introduz na relação viva e pessoal com o Deus vivo. Esta relação aumenta na oração pessoal e comunitária. Uma oração criativa, autêntica que traz à vida a frescura da Palavra de Deus.
  • Iniciar no compromisso
    Desde cedo, aqueles que vão experimentando o que é ser discípulo de Jesus, sentem o desejo de partilhar essa experiência com outros. A catequese ajuda, em todas as fases, o catequizando a dar testemunho e a convidar outros para a mesma alegria. “Encontrámos o Messias”!

Após o período de férias tão necessário para recarregarmos energias, retomaremos as nossas actividades, certamente com mais vigor e entusiasmo.

Em Catequese nunca nos podemos sentir de férias, pois o dever de catequizar e ser catequizado é contínuo e permanente. Mesmo assim, as actividades da “Catequese organizada” são suspensas durante os meses de Julho e Agosto para proporcionar aos seus participantes a oportunidade de formas diferentes de valorização pessoal.

Voltamos agora com vivências novas e diferentes que, postas em comum, nos poderão enriquecer mutuamente.

Assim ao iniciarmos a catequese pede-se aos Pais que colaborem com os catequistas:

  • entusiasmando os seus filhos e velando pela sua assiduidade e pontualidade;
  • acompanhando-os à Eucaristia;
  • comparecendo nas reuniões;
  • tentando superar possíveis dificuldades de horários ou outras;
  • apresentando sugestões.

E nunca se esquecendo que “os pais são os primeiros catequistas de seus filhos, pois a isso se comprometeram no dia do seu Baptismo”.

terça-feira, setembro 18, 2007

Padres têm que trabalhar mais por falta de novos sacerdotes

D. Manuel Felício reconhece dificuldades no recrutamento de vocações e na formação de padres, mas sublinha que não há sobrecarga.

A crise de vocações e a dificuldade na formação de novos padres na Diocese da Guarda “está a ser superada com a compreensão dos padres que se dispõem a mais trabalho”. D. Manuel Felício reconhece dificuldades no recrutamento de vocações e na formação de padres, mas sublinha que não há sobrecarga de serviço na Diocese da Guarda, composta por 115 párocos para 371 paróquias.
“Para fazerem o que faziam há 50 anos, estão sobrecarregados. Para fazer o que devem fazer, distribuindo por outros a co-responsabilidade, não estão sobrecarregados”.
“Nós temos 371 paróquias, mas temos paróquias com 100 habitantes que não têm capacidade de se organizar. Portanto, haja cinco paróquias com 100 habitantes a funcionar como se fosse uma só e isso está bem”. “Para nós haver muitos padres já não é a mesma coisa que era há 50 ou há 40 anos. O importante é que haja um número de padres razoável que nos permita garantir que as paróquias e grupos de paróquias funcionem com programas e serviços comuns”.

RÁCIO NÃO ESTÁ DESAJUSTADO
“Nós estamos habituados a ter uma tradição que é a de atribuir a cada paróquia um pastor próprio, mas isso passou e nem seria bom que voltasse, porque tiraríamos a iniciativa a outros, nomeadamente aos leigos e a outros serviços”.
D. Manuel Felício defende ser necessário “educar o nosso povo para voltar a sua atenção para o que é essencial”. O rácio de párocos e paróquias “não está desajustado” realçando que a Diocese da Guarda precisa de muitos sacerdotes, “às vezes seis e sete”, para atender às necessidades de paróquias como as da Guarda, Seia e Fundão, que têm entre 15 e 30 mil habitantes.
Nos últimos dois anos foram ordenados sete padres na Diocese da Guarda.
Fonte: Diario XXI

quarta-feira, setembro 12, 2007

Nova Comissão da Igreja

No passado Domingo, tomou posse a nova Comissão da Fábrica da Igreja do Baraçal, formada pelos seguintes membros:
Pe. Carlos Manuel Gomes Helena, pároco presidente;
António de Almeida;
João Bouça Pais;
Maria Fernanda Gomes;
Manuel Pereira;
Rosa Furtado;
Teresa de Jesus Carrolo.

"É nomeada de harmonia com a legislação da Igreja, à qual compete exclusivamente a administração dos bens da paróquia do Baraçal e os actos inerentes à mesma administração".
Espera-se que os leigos agora nomeados "dotados de probidade e de zelo pelo bem da Igreja e pelos progressos do apostolado", tendo em conta a função pastoral dos bens temporais da Igreja, procurem a recta administração dos mesmos, de tal modo que elaessejam "instrumento ao serviço da evangelização e da catequese" (Dir. do Minsitério Pastoral dos Bispos, nº 190 d).

"senta-te a pensar..."

Pensar na vida à luz de Deus, do Deus que nos criou por amor, que criou um mundo maravilhoso a pensar em nós, que nos concedeu capacidades e graças extraordinárias, que tem um projecto de vida para nós, que tem um Céu à nossa espera, que tem uma eternidade de amor para nos dar!
Parar e pensar, para descobrir o sentido e o valor da vida, o caminho que devemos percorrer, a missão que somos chamados a realizar, o mundo que devemos ajudar a construir e a meta onde devemos chegar!
A vida é demasiado bela e valiosa para não pensarmos nela, para não nos maravilharmos com ela, para ser gasta em banalidades! É necessário sentarmo-nos a pensar antes das grandes opções e decisões da nossa vida.
  • Sentar-se e pensar antes do casamento: O nosso amor é suficientemente forte e sincero para podermos assumir um compromisso de vida comum para sempre? Temos um ideal e um projecto de vida capazes de animar, sem monotonia nem cansaço, o nosso amor e a nossa vida familiar? Estamos realmente preparados e conscientes das exigências inerentes ao matrimónio? Queremos mesmo celebrar o sacramento com fé e na graça de Deus? ou o que nos anima é apenas o banquete, as prendas, as fotografias, a festa?
  • Sentar-se e pensar antes do baptismo dos filhos: Conhecemos Jesus e acreditamos nele como o Filho de Deus e o Salvador dos homens? Sentimo-lo como importante e necessário para a nossa vida e para a vida do nosso filho? Estamos em condições de O dar a conhecer, com credibilidade e eficácia, pela palavra e pelo testemunho de vida? Queremos que o nosso filho nasça como filho de Deus e pertença à Igreja de Cristo? A nossa vida e a nossa prática cristã constituem uma garantia de que o educaremos segundo a lei de Cristo e da Igreja? Queremos mesmo que ele seja cristão de verdade ou pretendemos apenas que seja baptizado, sendo apenas cristão de nome?
  • E na hora de escolher os padrinhos, temos em conta a sua idoneidade humana e cristã? Escolhemo-los, sem ter em conta os critérios e as exigências da Igreja e depois queixamo-nos da Igreja (e do padre) porque não aceita os padrinhos que escolhemos? O que está mal é a Igreja não aceitar como padrinhos pessoas sem um mínimo razoável de vida cristã ou os pais escolherem essas pessoas ou essas pessoas quererem ser padrinhos (quando não querem ser cristãos)? Antes de escolher é preciso pensar? E quando não pensamos antes, devemos assumir o nosso erro e não culpabilizar o padre por não ser como nós queremos. Não tem que ser como nós queremos, mas como Cristo quer e a Igreja propõe! Só assim tem sentido e só assim somos coerentes!

Sentar-se e pensar que, para ser discípulo de Jesus, é necessário renunciar a todos os bens. Os nossos bens, muito mais do que a nossa riqueza, são a nossa vida, a nossa família e os nossos amigos. Mas estes são bens aos quais não se pode nem se deve renunciar! Estes são bens essenciais à nossa vida humana e Jesus não quer, não pode querer que renunciemos a eles. O que Jesus pretende é que lhe dêmos o primeiro lugar e subordinemos tudo ao Reino de Deus. Isto faz parte da cruz de cada dia.
Mas quando pensamos e compreendemos quem é Jesus e o que Ele fez por nós, o que Ele nos promete e garante, descobrimos que aquilo que Ele nos pede não tem em vista complicar ou tornar difícil a nossa vida. Pelo contrário, o que Jesus nos propõe, precisamente porque nos ama, só tem em vista o nosso bem, a nossa salvação.

sábado, setembro 08, 2007

PARABÉNS, MÃE!

Nossa Senhora faz anos!
Ninguém sabe o dia em que Ela nasceu.
Mas no Seu nascimento fomos nós que (re)nascemos.
Por Ela veio o Salvador.
Ela é de todos.

NESTE DIA DE NOSSA SENHORA...
...é bom ter presente que há milhões de filhos Seus que morrem de fome.
1200 crianças perdem a vida a cada hora que passa.
Não seria Nossa Senhora mais honrada se os milhares de contos que são gastos em festas neste dia fossem encaminhados para matar a fome aos Seus filhos?
Como podemos honrar a Mãe sendo indiferentes à sorte de tantos dos Seus filhos?

Feliz dia na companhia da Mãe!

terça-feira, setembro 04, 2007

Os donativos continuam a chegar...

500 Euros - Anónimo
100 Euros - Alberto Santos Lopes; António Sequeira Veiga; Herdeiros João Simão; José Fonseca Bernardo; Luis Janelas;
50 Euros - Adelina Carrolo; Mécia dos Santos Paiva; Manuel dos Santos Paiva;
30 Euros - Lurdes Almeida;
25 Euros - Eduarda Leitão Paiva;
20 Euros - Manuel Gomes, Dr.; Maria Cabral;
10 Euros - Fernando Janelas Dias;
5 Euros - Julieta dos Santos; Maria Alice e Elvira; Maria dos Mestres.


Obrigado a todos os que quiseram contribuir para o restauro do tecto do Altar-Mor.

Festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso

No último sábado de Agosto, celebrámos mais uma vez a Festa em honra de Nossa Senhora do Bom sucesso.
A chuva não permitiu que a Missa Campal se realiza-se, como é habitual, junto à Capela.
Porém, há males que vem por bem.
A solução foi celebrar a Missa na renovada Igreja Paroquial. E a solução, pelo que consta, agradou a muitas pessoas... pois a Igreja permite que as pessoas participem com mais devoção e assistam com mais comodidade.
Esta é uma boa solução a ter em conta nos próximos anos...
O peditório da Missa rendeu 187 Euros.

"Pequena história da Imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Na I Guerra Mundial, o Coronel Magalhães, encontrou em França, uma Imagem no meio do lamaçal de terra seca, encharcada no sangue dos soldados que tombavam no campo de batalha. Foi neste momento de desespero que prometeu que seria construída uma Capela em sua honra se a guerra terminasse e os nossos soldados tivessem sucesso.

Tendo isto acontecido foi construída a Capela e colocada ali a imagem.

Ao longo dos anos, o povo do Baraçal manifestou por Nossa Senhora do Bom Sucesso uma enorme devoção. Eram muitos os devotos que ali acorriam para interceder a Deus através de Maria... alguns chegavam ao ponto de se deslocar de joelhos desde a Igreja Matriz até à Capela".

(Jornal "A voz do Baraçal", nº 77).

Foi graças ao esforço do povo do Baraçal que a Junta de Freguesia em 2002 reconstruiu esta Capela. Ela encontrava-se sem telhado e toda degradada. A imagem reapareceu... e hoje pode ser visitada e venerada pelos seus devotos...
Não esqueçamos, porém, o que diz o Evangelho: "dai a César o que é de César; dai a Deus o que é de Deus". É bom que entre as diversas instituições haja cooperação, mas também é necessário saber que cada uma têm os seus fins especificos e distintos.
A clarificação só pode beneficiar a todos...

Madre Teresa de Calcutá, 10 anos depois

A 5 de Setembro de 1997, o coração de Madre Teresa de Calcutá deu o último suspiro. Passados dez anos, a obra que a "santa das sarjetas" ergueu continua viva e o seu sorriso perdurará. Esta data ficará na história do século XX. Durante a sua vida, ela simbolizava o amor aos mais carenciados. Aquela frágil mulher tinha uma força inesgotável e colocava em prática as palavras do Evangelho: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 39).

Com o final do milénio à porta desapareceu a mulher que se entregou aos "mais pobres dos pobres" e deixou muitos corações desamparados. Uma paragem cardíaca, depois de várias pneumonias e crises de malária, "levaram" Madre Teresa. Viveu com o coração, o coração a matou. A humanidade perdeu alguém que, por nada ter nem poder, tinha toda a autoridade porque ninguém conseguia dizer não a um pedido que ela formulasse.

Calcutá chorou, provavelmente, como nenhuma outra cidade do mundo, a morte desta mulher que escolheu a gigantesca metrópole indiana para viver toda uma vida ao serviço daqueles que não tinham ninguém. "Era uma verdadeira santa admirada por todos os indianos, independentemente da sua religião" - sublinhavam os habitantes de Calcutá.

Vocação precoce

Em Skopje, capital da Macedónia, pequena cidade com cerca de vinte mil habitantes, nasceu, a 26 de Agosto de 1910, Ganxhe Bojaxhiu. A sua família era católica e pertencia à minoria albanesa que vivia no Sul da antiga Jugoslávia. Um dia após o seu nascimento, Ganxhe recebeu o Baptismo e a sua educação teve lugar numa escola estatal durante os tristes anos da Primeira Guerra Mundial. Com um timbre de voz muito suave e harmonioso, a pequena Ganxhe tornou-se solista do coro da igreja da sua aldeia e, mais tarde, chegou a dirigir esse mesmo coro paroquial.

Ainda criança, Ganxhe entrou para a Congregação Mariana das Filhas de Maria que tinha uma filial na sua paróquia. Os mais pobres da região recorriam à Igreja para diminuírem as suas carências. Ganxhe sentia a sua vocação a crescer ao assistir a esta actividade de assistência aos mais carecidos.

"Aos pés da Virgem de Letnice escutei um dia o chamamento que me apelava a servir Deus" - disse, posteriormente, Madre Teresa e, confessou ainda, que descobriu a intensidade do chamamento "com uma grande alegria interior". Quando completou 18 anos, o apelo à vida religiosa tornou-se irresistível para a jovem e, a 25 de Dezembro de 1928, partiu de Skopje rumo a Rathfarnham, na Irlanda, onde se situa a Casa Geral do Instituto da Beata Virgem Maria.

Ganxhe tinha como ideal ser missionária na Índia e um sacerdote jesuíta contribuiu para esta doação aos mais pobres devido à informação de que, na Índia, as freiras dessa congregação faziam um "excelente" trabalho.

Depois de uma longa viagem, a futura religiosa chegou à casa das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto. A estadia em Rathfarnham foi um porto intercalar já que embarcou rumo a Bengala. Durante a primeira semana esteve em Calcutá e daí viajou até Dajeerling, ao seminário da Congregação fundada pela missionária Mary Ward.

Feitos os estudos e chegada a hora de professar os votos temporários de Pobreza, Castidade e Obediência - 24 de Maio de 1931 - Ganxhe escolheu o nome de Teresa. De acordo com as constituições da Congregação do Loreto devia mudar de nome. "Escolhi chamar-me Teresa" - contou anos depois, devido à figura inspiradora de Santa Teresa D'Ávila. No entanto "não foi pela grande Teresa que escolhi o nome - disse - mas sim pela pequena: Santa Teresa de Lisieux". Encarregada de dar formação espiritual às "Filhas de Santa Ana" - hoje formam uma congregação autónoma - Teresa absorveu o estilo de vida bengali e, posteriormente, transmitiu-o às suas freiras, quando criou as "Missionárias da Caridade".


Uma viagem luminosa

O momento da viragem aconteceu de forma imprevista. Num dos seus relatos, Teresa conta que, a 10 de Setembro de 1946, numa viagem para o convento de Dajeerling, onde ia fazer os exercícios espirituais, enquanto rezava sentiu um "chamamento dentro do chamamento". A mensagem era clara: "devia deixar o convento do Loreto (em Calcutá) e entregar-se ao serviço dos mais pobres e viver entre eles". Com a "iluminação divina", Teresa sentiu uma hesitação: como realizá-la. Este dia de Setembro ficou marcado na história das Missionárias da Caridade e, obviamente, no livro da vida de Madre Teresa como o "Dia da Inspiração".

Teresa de Calcutá pensava nos pobres da cidade que todas as noites morrem pelas ruas e, na manhã seguinte, são lançados para os carros de limpeza como se fossem lixo. Não se habituava a este "terrível espectáculo matinal". Queria fazer algo em prol daqueles esqueléticos a pedir esmola na rua e a esperar que o tempo os levasse.

A luz recebida no trajecto de Calcutá para Dajeerling foi objecto de meditação no retiro de Teresa. Este terminou numa pergunta muito concreta: "Que poderei fazer por estes infelizes?".

Abandonado o hábito da Congregação do Loreto, a Irmã Teresa comprou um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Foi com esta nova indumentária - o vestido duma modesta mulher indiana - que passou a ser conhecida no mundo inteiro.

A vida da religiosa sofreu novos contornos e quando a Santa Sé reconheceu a Congregação - 7 de Outubro de 1950 pelo Papa Pio XII - a instituição da Madre Teresa de Calcutá contava com centenas de membros em todo o mundo. Primeiro, começou a levar os moribundos para um lar onde eles pudessem morrer em paz e com dignidade. De seguida, abriu um orfanato. De forma gradual, outras mulheres se lhe uniram neste projecto. Nasceu uma nova Congregação religiosa - "Mis-sionárias da Caridade" - para se dedicar aos mais pobres entre os pobres.

A luz do projecto ganhou raízes no solo fértil e as vocações começaram a surgir. Neste viveiro vocacional - muitas das mulheres que aderiram foram antigas alunas - Madre Teresa vê uma bênção de Deus. Sem operações de marketing, o trabalho da consagrada albanesa ganhava visibilidade e as vocações para "Missionárias da Caridade" surgiam a bom ritmo.

De abrigo em abrigo, Teresa de Calcutá dava - mais do que donativos - lições de higiene e moral, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho. Não foi preciso muito tempo para que todos a conhecessem. Quando ela passava, crianças famintas e sujas, deficientes, enfermos de toda a espécie, gritavam por ela com os olhos inundados de esperança: Madre Teresa! Madre Teresa!

Luís Filipe Santos - AE

sábado, setembro 01, 2007

De enfermeiro a padre missionário

«Os jovens de hoje já não querem ser padres». Esta é uma das ideias feitas, que ouço volta e meia.
Temos falta de vocações consagradas não há dúvidas. Os filhos são poucos e os pais – mesmo às vezes muito religiosos – não vêem com bons olhos o ingresso dos filhos nos seminários ou nas congregações religiosas. Até porque querem ter assegurada a descendência. Por isso há muitos jovens que só se decidem entregar ao serviço de Deus e da Igreja quando tiram um curso. Sobretudo nas grandes cidades.
Os exemplos são muitos felizmente e hoje falo no do enfermeiro Daniel.

Daniel, de 23 anos, de Ermesinde, acaba de tirar o curso de enfermagem. Mas decidiu não ser só enfermeiro. Por isso vai entrar no Seminário. Quer ser padre missionário.
Podia ir, como é seu desejo, para um país de missão dar a sua colaboração às Missões como enfermeiro. Mas quer mais. «Não quero trabalhar 50 anos como enfermeiro. Quero fazer mais, ter a possibilidade de trabalhar com os jovens, em áreas diferentes da da saúde».
Aos amigos, a decisão "faz-lhes confusão". Acham engraçado, mas "não é normal um jovem da minha idade, acabar o curso de enfermagem, com um futuro promissor em mãos" e partir para o incerto.
Para ele, entregar a vida inteira "faz sentido". Até porque já fez a experiência missionária no grupo de Leigos Missionários da Consolata. Gostou mas achou que é pouco. Ele quer dar toda a sua vida às Missões, junto dos mais pobres.
Os amigos "não conseguem entender e eu não lhes consigo explicar". O Daniel sabe bem que os jovens de hoje "vivem a hora, buscam o prazer, o bem-estar e não o sacrifício". Mas assim dificilmente serão felizes. E ele quer ser feliz, contribuindo para a felicidade dos outros. Como o pai e a mãe que só são felizes se virem os filhos felizes. O amor é assim.
Daniel, com mais dois colegas nas mesmas circunstâncias, vai agora partir para a Itália. Onde os esperam quatro anos de estudo e formação.


Fonte: blog Veja para Crer

terça-feira, agosto 28, 2007

Santo Agostinho: a vida é uma contínua procura de Deus

Santo Agostinho destaca-se entre os Padres da Igreja como Santo Tomás de Aquino se destaca entre os teólogos da Escolástica. E como Santo Tomás se inspira na filosofia de Aristóteles, e será o maior vulto da filosofia metafísica cristã, Agostinho inspira-se em Platão, ou melhor, no neoplatonismo. Agostinho, pela profundidade do seu sentir e pelo seu génio compreensivo, une o pensamento e a prática moral, reflectindo profundamente sobre o mal, a liberdade, a graça, a predestinação.

Aurélio Agostinho nasceu em Tagasta, cidade da Numídia, de uma família burguesa, a 13 de novembro do ano 354. O seu pai, Patrício, era pagão, recebendo o baptismo pouco antes de morrer; a sua mãe, Santa Mónica, pelo contrário, era uma cristã fervorosa, e exercia sobre o filho uma notável influência religiosa, principalmente através de sua vida oração.
Ao ir para Cartago, para aperfeiçoar os seus estudos desviou-se moralmente. Caiu numa profunda sensualidade, que, segundo ele, é uma das maiores consequências do pecado original; dominou-o longamente, moral e intelectualmente, fazendo com que aderisse ao maniqueísmo, que atribuía realidade substancial tanto ao bem como ao mal. Tendo terminado os estudos, abriu uma escola em Cartago, donde partiu para Roma e, em seguida, para Milão. Afastou-se definitivamente do ensino em 386, aos trinta e dois anos, por razões de saúde e, mais ainda, por razões de ordem espiritual.

Depois de maduro exame crítico, abandonou o maniqueísmo, abraçando a filosofia neoplatônica. Chegou a uma concepção cristã da vida - no começo do ano 386. Entretanto a conversão moral demorou ainda, por razões de luxúria. Finalmente, como por uma inspiração do céu, sobreveio a conversão moral e absoluta, no mês de setembro do ano 386.
Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento, em companhia da mãe, do filho e de alguns discípulos, perto de Milão. Aí escreveu os seus diálogos filosóficos, e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o baptismo em Milão das mãos de Santo Ambrósio, cuja doutrina e eloquência muito contribuíram para a sua conversão. Tinha trinta e três anos de idade.

Depois da conversão, Agostinho abandona Milão, e, falecida a mãe, Santa Mónica, em Óstia, volta para Tagasta. Aí vendeu todos os haveres e, distribuíu o dinheiro pelos pobres, funda um mosteiro numa das suas propriedades alienadas. Ordenado padre em 391, e consagrado bispo em 395, governou a igreja de Hipona até à morte, que aconteceu durante o assédio da cidade pelos vândalos, a 28 de agosto do ano 430. Tinha setenta e cinco anos de idade.