Mensagem de Natal do Bispo da Diocese da Guarda
Na sua Mensagem de Natal, o Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício mostra-se preocupado com o “drama da desertificação humana” da região e considera que a situação poderá ser alterada “se houver coragem política”.
Na sua Mensagem de Natal, o Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel da Rocha Felício mostra-se preocupado com o “drama da desertificação humana” da região e considera que a situação poderá ser alterada “se houver coragem política”.
Para o Prelado Diocesano “se o Governo tiver coragem política de discriminar positivamente as nossas regiões e soubermos canalizar investimentos vindos do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) para esta finalidade, certamente que nós vamos somar pontos e vamos encontrar caminhos”.
“O Senhor Presidente da República dizia que lhe parecia que já era tarde para atrair empresas para o nosso meio. Eu admito que não, se fizermos desta oportunidade, que dura seis anos, uma alavanca para, sobretudo, promovermos a iniciativa empresarial e de emprego dos nossos jovens”, afirmou D. Manuel da Rocha Felício aos jornalistas, após ter procedido à leitura da tradicional Mensagem Natalícia.
“Mais do que atrair grandes empresas” – considerou – “nós precisamos de ver os jovens da nossa terra empenhados em criar os seus próprios empregos”. “E há instrumentos à disposição de todos. Eu espero que as escolas, sobretudo as escolas terminais, voltem para aí a sua atenção de tal maneira que coloquem nas mãos dos jovens não só Diplomas que os enviam para o desemprego, mas, sobretudo, competências que os habilitem a entrar na produção de emprego e, isso é possível, nos condicionalismos que estão agora, objectivamente, criados”, considerou.
No tocante ao papel da Igreja neste processo, observou que a Cáritas Diocesana da Guarda, neste momento, “está a investir em frentes de luta contra a pobreza”, aludindo a um estudo já elaborado sobre a realidade da Diocese.
A diminuição da natalidade é outro assunto que preocupa o Bispo da Diocese da Guarda. D. Manuel da Rocha Felício considera que “ter um filho não pode ser oportunidade para a pessoa ser menos classificada em termos do seu emprego e da sua função social”. Para incrementar a natalidade no nosso país defende que seja posta em prática uma “discriminação positiva por via dos impostos”. “Sabemos hoje, que na Lei Portuguesa, um casal para pagar menos impostos, divorcia-se”, denunciou, considerando que “isto é um contra-senso”. “Então, um casal constituído paga xis de impostos, divorcia-se e paga menos impostos? Isto não passa pela cabeça de ninguém que quer construir um futuro de qualidade”. “Nós, se queremos construir um futuro de qualidade, temos que apostar nos valores e naquilo que dignifica as pessoas”, considerou.
Disse que esta situação “não tem jeito nenhum”. “Não passa pela cabeça de ninguém, mas são as contradições que hoje encontramos na praça pública. Temos que verificar, denunciar e, quando possível, anunciar caminhos alternativos”, sublinhou.
O Bispo da Diocese da Guarda mostrou-se esperançado que “as nossas leis passem a ser sensatas e não sejam um contra-senso como, em muitos aspectos, têm sido”.
Fonte: Jornal "A Guarda"
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