quinta-feira, dezembro 07, 2006

“Num Deus assim, até dá gosto acreditar!”

Apesar da gravidade do pecado do homem e da mulher, Deus não desiste do projecto de felicidade que sonhou para eles. O homem pode ser infiel e desistir, mas Deus é perseverante e sempre fiel aos seus projectos. O amor de Deus é mais forte e vence o pecado do homem.
O homem e a mulher convenceram-se de que poderiam ser como deuses, ou seja, acreditaram que poderiam ser mais felizes se eles próprios ocupassem o lugar de Deus. Este foi o primeiro engano e o primeiro pecado da humanidade.

Quando, depois, Deus os interpela e os interroga sobre os seus actos, o homem e a mulher, julgando ser possível enganar Deus, não assumem as suas responsabilidades. O homem des-culpa-se com a mulher. Por sua vez, a mulher desculpa-se com a serpente.
Nas suas costas, julgam-se suficientemente fortes e corajosos para suplantarem e excluírem Deus das suas vidas.
Na presença de Deus, falta-lhes a coragem para assumirem os seus actos e as suas respectivas conse-quências. Ainda eles queriam ser como deuses!

A Deus ninguém o engana. Engana-se, isso sim, quem pensa que o pode enganar! Deus bem sabe o que o homem e a mulher fizeram, qual a sua pretensão e o seu objectivo. Deus bem sabe que eles lhe estão a mentir. Deus sabe que eles são os culpados e são igualmente culpados.
No entanto, Deus continua a amá-los e a prova inequívoca desse amor é a promessa de salvação. Na verdade, Deus, depois de lhes fazer ver o seu erro, anuncia que um descenden-te da mulher vencerá o pecado e todas as suas consequências. Deste modo, o homem e a mulher podem alimentar o sonho da felicidade, o sonho de viver, um dia, em plena comunhão com Deus.
Este facto manifesta bem a grandeza do amor e a consistência dos sonhos do Deus que nos criou, do Deus em que nós acreditamos. Deus não reage como os homens e essa é a nossa sorte!
Nós, quando alguém nos ofende ou põe em causa o nosso lugar, não só nos sentimos ofendidos, como ainda passamos a pensar mal dessa pessoa e, se temos a possibilidade, vingamo-nos dela. Ao contrário, Deus não só não se vinga, como continua a amar e a proporcionar ao homem todos os meios para ser feliz e se salvar. Num Deus assim, até dá gosto acreditar!

Deus, porque é fiel às suas promessas, no tempo oportuno enviou o seu Filho ao mundo para salvar os homens.
Quis que o seu Filho aparecesse como homem entre os homens, e, por isso, quis que Ele nascesse de uma mulher. A mulher escolhida e preparada por Deus foi Maria, a quem cumulou da sua graça desde o momento em que ela foi concebida no seio de sua mãe. É esse justo privilégio, que Deus lhe concedeu, que nós hoje celebramos festivamente: o privilégio da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

O anjo Gabriel revela e confirma este dom de Deus a Maria, quando a saúda com estas palavras: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Aqui radica a grandeza de Maria, que antecede a grandeza de ser a mãe do Filho de Deus e Salvador dos homens.
Maria, porque cheia de graça, vive em total sintonia com Deus. Porque cheia de graça e em perfeita sintonia com Deus, Maria aceita a missão de ser mãe e aceita viver a sua missão como serva humilde do Senhor. Ela será sempre a mulher discreta, a serva humilde, a mãe simples e dedicada.

Aqueles que têm Deus dentro de si, compreendem a grandeza extraordinária do serviço e, por isso, aceitam servir livremente e com alegria.
Aqueles que têm consistência por dentro, não precisam nem procuram dar nas vistas ou cultivar as aparências.
Aqueles que experimentam o amor de Deus, vêem nele a sua maior recompensa.
Por isso, eles dispensam as atenções, os privilégios e as recompensas dos homens e do mundo.


Maria, a cheia de graça, é a mulher lucidamente crente, livremente serva e obediente, responsável e conscientemente mãe, plenamente e sempre fiel a Deus. Maria, porque cheia de graça, é a mulher nova, é a mãe do Homem novo, ela é a primeira criatura da nova humanidade.

O homem e a mulher, querendo ser como deuses, encontraram a sua ruína e comprometeram o futuro de toda a humanidade. O egoísmo e o orgulho do homem – a tentação de querer ser o maior e não depender nem prestar contas a ninguém, estão na origem de todos os males que perturbam o mundo.
Por sua vez, Maria, aceitando ser a humilde serva do Senhor, torna-se portadora de salvação para todos os homens. Em razão da sua missão e da fidelidade com que a viveu , Maria é a predilecta de Deus, a bendita entre todas as mulheres, a mãe de Jesus e dos homens, a ditosa por todas as gerações.
Compensa bem viver em sintonia e comunhão com o nosso Deus!

Maria, “a cheia de graça” e a humilde “serva do Senhor”, considerou extremamente vantajoso abrir-se totalmente à vida de Deus e consagrar-lhe radicalmente a sua própria vida.

  • E tu, ainda tens medo de Deus e foges dele, porque vês em Deus uma ameaça à tua liberdade e um entrave à tua felicidade? Considera bem: Deus criou-te “à sua imagem e semelhança”, fez de ti “quase um ser divino”, colocou o mundo nas tuas mãos, constituindo-te seu administrador. Que podes temer de um Deus que te fez tão importante e te confiou tão grande responsabilidade?
  • Com um Deus assim, o que é que pensas e pretendes conseguir, dispensando-o da tua vida e substituindo-te a Ele? Que vantagens, em seres tu a medida de todas as coisas e o centro de todas as atenções?
  • Olha para a tua vida e considera as desilusões que já te provocou esta ilusão de queres ser como Deus! Quanto já não tiveste de sofrer e quanto já não fizeste sofrer os outros, por não te aceitares na realidade do que és e do que és chamado a ser!
  • Tu, que sentes uma devoção especial por Maria, que te comoves quando ouves falar dela, que até choras quando entoas cânticos em seu louvor, imita-a na sua entrega e fidelidade a Deus. Abre-te à graça de Deus e recebe-a, de modo especial, no sacramento da reconciliação; escuta a sua palavra e perscruta nela a vontade de Deus a teu respeito; descobre a grandeza do serviço e ama o teu semelhante com alegria.

Se tens dúvidas sobre Deus, coloca-lhas sem receio. Maria também teve dúvidas e quis ser esclarecida. Deus não se inco-moda de ser questionado pelo homem.

Mas, depois, deixa que Deus se explique, que te revele a sua verdade, que mostre quanto te ama e quais são os seus desígnios a teu respeito. Então, concluirás que ninguém te respeita mais do que Deus e ninguém mais do que Ele deseja e tudo faz para que sejas feliz.

De facto, num Deus assim, até dá gosto acredita!

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