D. Manuel da Rocha Felício entrou na Diocese da Guarda, como Bispo Coadjutor, a 16 de Janeiro, de 2005. Após a renúncia de D. António dos Santos, no início de Dezembro, assumiu, por inteiro, os destinos pastorais da Diocese da Guarda. A poucos dias de se completar um ano sobre a data da sua entrada solene na Diocese, faz um balanço das actividades realizadas. Para além do aspecto pastoral, o novo Bispo não esquece os problemas com que se debate esta região do País.
A Guarda: Qual o balanço geral que faz de um ano à frente da Diocese da Guarda?
D. Manuel Felício: Um balanço muito positivo. Muito positivo no acolhimento que encontrei da parte de todas as pessoas, a começar pelos sacerdotes de todo o presbitério, pelos movimentos e serviços, pelas próprias paróquias que tive já a oportunidade de visitar e foram algumas, embora, não tantas como eu desejava. Encontrei um grande espírito de acolhimento ao ministério do Bispo, mesmo uma certa devoção pelo ministério do Bispo que pode ser um bom ponto de partido para um serviço de qualidade a estas comunidades. Em geral, são estes sentimentos de bem acolhido, que eu sinto e quero aqui exprimir.
A Guarda: Por aquilo que já constatou, como é que define a Diocese da Guarda?
D. Manuel Felício: Defino-a como uma Diocese com uma história muito forte de vocação missionária, com um grande desejo de enviar os seus membros até para fora do seu território, para outras congregações, para outras dioceses e até para o mundo. (...)
Depois, defino-a como uma Diocese com um aprofundamento espiritual, com tradições muito fortes de retiros, de Lausperene, de uma boa ligação a pessoas que a marcaram profundamente. Lembro, por exemplo, o Senhor D. João Oliveira Matos, cujo processo de Beatificação e Canonização está em curso.
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A Guarda: Vai avançar com a reestruturação das paróquias? Está ou não previsto o desaparecimento de algumas delas?
D. Manuel Felício: A reestruturação das paróquias já está a ser feita. Mas uma reestruturação das paróquias não significa tirar formalmente a categoria de paróquia a qualquer uma das que existem. Isto não é pensável. Agora, é verdade que nós desenvolvemos uma reflexão sobre os serviços essenciais que tem de ter uma paróquia, para ser verdadeiramente paróquia. Há paróquias que não podem ter todos os serviços essenciais. Não lhe vamos tirar o título de paróquia, por isso, mas vamos-lhe pedir que, progressivamente ganhem o sentido de pertencerem a um espaço pastoral mais alargado.
Nós, hoje, estamos cada vez mais a falar em unidades pastorais que envolvem a relativização das paróquias e também envolvem a conjugação do serviço do ministério sacerdotal com outros serviços, nomeadamente de leigos. Por este caminho, queremos caminhar e abrir uma outra perspectiva que eu gostaria de desenvolver muito, na nossa Diocese.
(...)
A Guarda: Como vê o encerramento das escolas primárias, um pouco, por toda a Diocese?
D. Manuel Felício: É uma situação muito preocupante. A minha preocupação, antes de estar no fecho das escolas, está na não existência de crianças. Queria insistir aqui, nesse ponto: o nosso problema não é fecharem as escolas, o nosso grande problema é não termos crianças. Por exemplo, estive, há dias, numa paróquia e perguntei quantas crianças havia e responderam-me que havia duas.A minha preocupação não foi a escola, a minha preocupação foi essa terra só ter duas crianças. Quando faltam crianças numa terra ou numa família, nós começamos a ver o futuro em perigo. E, sem dúvida, o perigo é grande. Se não há inversão de marcha ou de rumo, é mesmo o fim. Eu espero que haja uma mudança de sentido e que a natalidade volte a ir para os índices de que nós precisamos. Quanto mais não seja só para repor a população nos índices devidos.
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