Jesus também foi convidado para o casamento. E, neste casamento, Jesus realiza o seu primeiro milagre, ou seja, manifesta pela primeira vez a sua glória, o seu poder divino. Este facto exprime bem a
importância e a primazia do casamento aos olhos de Deus.
O casamento entre um homem e uma mulher e a família que com ele nasce correspondem a um projecto de Deus – o projecto que melhor garante a realização e a felicidade da pessoa humana bem como o futuro do mundo e da história.
Na primeira página da Bíblia, lemos:
“Deus criou o ser humano à sua imagem; Ele os criou homem e mulher (macho e fêmea)”. Esta diferença que os atrai e complementa torna-os capazes de crescerem e se multiplicarem, encherem e dominarem a terra.
Num outro relato, também do livro do Génesis, é-nos dito que,
pouco após ter criado o homem, Deus intuiu e desabafou:
“Não é conveniente que o homem esteja só”. Sozinho, o homem sente-se inacabado, insatisfeito e infeliz. Para vencer a solidão do homem, para o homem se tornar completo, Deus cria e apresenta-lhe a mulher. E é tal o fascínio que a mulher exerce no homem que este se dispõe a deixar tudo, até o pai e mãe, para se unir a ela e com ela constituir uma comunidade de amor e de vida!
O casamento e a família são anteriores aos estados e às religiões. Em todas as sociedades e desde sempre, o casamento foi entendido como um projecto de vida comum assumido por um homem e uma mulher. De resto, a própria anatomia ou morfologia corporal apontam, de um modo inequívoco, nesse sentido.
Nos nossos tempos, alguns pretensos iluminados defendem o casamento homossexual em nome da liberdade e da igualdade. Esses iluminados parecem não saber ou gostariam que nós não soubéssemos que, antes de mais, há limites à verdadeira liberdade.
Quando me encontro numa encruzilhada de caminhos,
eu sou livre de escolher aquele pelo qual quero seguir. Esta escolha, que constitui um exercício da minha liberdade,
implica que eu aceite as características e os condicionalismos próprios desse caminho. Além disso, escolhendo aquele caminho, renuncio a seguir pelos outros, pois não posso pretender, em nome de uma mal entendida liberdade, seguir por todos ao mesmo tempo.
O mesmo vale em relação às opções de vida que fazemos ou decisões que tomamos. A liberdade que nos permite optar ou decidir neste ou naquele sentido leva-nos a renunciar às outras alternativas. Não se pode invocar a liberdade para reclamar uma coisa e, ao mesmo tempo, o seu contrário.
Por sua vez,
a verdadeira igualdade só existe quando se respeitam e salvaguardam as diferenças. Não se pode falar de igualdade, quando se pretende tratar como igual aquilo que é realmente diferente. Caso contrário, nem se respeita a igualdade do que é igual nem a igualdade do que é diferente.
Assim,
quem escolhe, no uso da sua liberdade, viver com uma pessoa do mesmo sexo, não pode pretender que a sua opção de vida seja considerada igual à daquele que escolhe viver com uma pessoa de sexo diferente. Ele pode reivindicar o direito a viver desse modo. E pode ter o direito a que seja respeitada a sua opção. O que ele não pode exigir é que a isso se chame
casamento. Ao seguir por aquele caminho, que ele considera o melhor e o mais adequado para si, excluiu o outro caminho, o do casamento.
Insistir no casamento para os homossexuais, argumentando que se trata de um direito e de
uma questão de igualdade, seria como alguém que inventa um novo pastel e querer registá-lo com o nome de um que já existe antes (por exemplo, pastel de Belém), argumentando que alguns dos seus ingredientes são os mesmos, mas esquecendo que outros elementos são manifestamente diferentes! O novo pastel pode até ser muito bom e ter muitos apreciadores. No entanto, deve ser registado com outro nome, em nome da liberdade, da igualdade e dos direitos dos outros! Algo de semelhante deve acontecer com as uniões homossexuais.
Só assim se respeitará verdadeiramente, a liberdade, a igualdade e os direitos de todos – dos homossexuais e dos heterossexuais.
Quando se pretende contradizer a lógica do criador, quando se
“atenta contra o fundamento biológico da diferença entre os sexos” (Bento XVI), todas as barbaridades são possíveis e, para aqueles a quem convêm, todas se afiguram como um direito e um sinal de modernidade. Trata-se, porém, de uma modernidade que afectará e comprometerá gravemente o futuro da sociedade.
Aqueles que mandam legislam contra o casamento e a família porque, muitos deles, não foram capazes de manter um casamento e uma família estáveis. Aprovando e facilitando o divórcio dão cobertura legal aos seus fracassos, para que passem a ser considerados como coisas normais e boas! Ou então legislam contra o casamento e a família para agradarem a certos grupos de pressão dos quais recebem, como contrapartida, votos e apoio político.
Nestes homens iluminados - mais arrogantes do que iluminados - a modernidade está bem casada com a falta de coerência e de honestidade!
Quem manda, se investisse mais no apoio à família e defendesse os valores que lhe são inerentes, não precisaria de investir tanto para tentar resolver os problemas sociais gerados pela crise da família (insucesso escolar, distúrbios psicológicos, toxicodependência, violência e criminalidade). Os senhores iluminados, se fosse tão iluminados como querem fazer crer, já teriam dado conta disso. Mas eles não querem dar-se conta, até porque lhes faltaria a humildade para o reconhecerem!
Jesus também foi convidado para o casamento.
Hoje, quem é que realmente convida e quer Jesus no seu casamento?
Mesmo aqueles que vão à Igreja no dia do seu casamento, quantos vão para se encontrarem efectivamente com Jesus e para o levarem de volta para as suas casas e para as suas vidas?
Mesmo entre os cristãos ditos praticantes, quantos estão dispostos a viver o seu casamento e a construir a sua família, seguindo o conselho de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser?”
Quantos dão a Jesus a oportunidade de realizar milagres em suas casas, ou seja, de os iluminar com a sua palavra e os enriquecer com graças divinas?
Quem alimenta e fortalece o amor conjugal com o Vinho bom da Eucaristia?
Não esqueçamos: o nosso melhor bem é a família e esta é o melhor dom que temos para oferecer à sociedade! Ámen.