- A verdade de que Deus é Pai e ama imensamente o homem e que, por conseguinte, cada homem deve amá-lo com todo o seu coração, deixando “que Ele seja Deus na sua vida”. Dar a Deus a liberdade de ser Deus na sua vida, de manifestar nele todas as potencialidades do seu amor! Caso contrário, o homem não poderá experimentar a grandeza de Deus e nunca O chegará a conhecer verdadeiramente.
- A verdade de que cada homem é um irmão e que, por isso mesmo, cada um deve amar o seu semelhante como a si mesmo, vendo nele um filho de Deus. Este amor fraterno é, antes de mais, doação e abertura do nosso coração e da nossa vida aos outros filhos de Deus. Depois, amor ao próximo é verdade e autenticidade, humildade e mansidão, justiça e solidariedade, misericórdia e perdão, transparência e pureza de coração e de intenções, unidade e paz.
Jesus, dando testemunho da verdade, torna possível o mundo novo - um mundo que corresponde aos sonhos de Deus e às aspirações dos homens. Na verdade, Jesus veio a este mundo para que o seu reino, que não é deste mundo, transforme o mundo dos homens, ou seja, para que o mundo do dos homens seja também reino de Deus! Um mundo que se constrói segundo a verdade de Deus e em que os homens vivem ao ritmo do coração de Deus. Esse é o mundo em que todos os homens, e não apenas alguns, se podem realizar como pessoas e atingir a sua plenitude humana.
“Tu és rei?” Jesus é rei mas não é como Pilatos. E Pilatos pode estar sossegado porque Jesus não vem para lhe roubar o lugar. Mas vem, isso sim, para lhe ensinar, a ele e aos Pilatos de todos os tempos, que ser rei (governar) é uma missão e o poder deve ser exercido com espírito de serviço, com verdade e amor.
- O poder não confere a quem o detém o direito de o usar em seu benefício pessoal nem para impor aos outros as suas ideias ou pontos de vista, as suas crenças ou descrenças, os seus valores ou a falta deles. Pelo contrário, quem governa assume o dever de promover e garantir o bem comum de todos os cidadãos.
- “Mandar” encerra mais deveres do que direitos, realidade ignorada pela maior parte dos que mandam. Muitas vezes, eles esquecem que a legitimidade do cargo não se esgota no facto de terem sido escolhidos para ele, mas que pressupõe também a aceitação das responsabilidades e o cumprimento dos deveres que lhe são inerentes. Quem procura o poder, se o faz por vocação, deve estar mais motivado pelo desejo de fazer bem aos outros do que por conseguir vantagens para si próprio,
- Infelizmente, em todos os tempos e em todos os regimes políticos, com muita frequência, o poder anda de mãos dadas e convive com a mentira e a hipocrisia, com a arrogância e a arbitrariedade, com a ambição e a vaidade, com a ganância e a corrupção.
- Infelizmente, muitos governantes usam o poder para atentar contra direitos e valores que deveriam proteger e salvaguardar. É ilegítimo o uso do poder em tais circunstância, mesmo que seja um poder obtido democraticamente.
- É, pois, ilegítimo usar o poder para legislar contra a vida, como no caso do aborto e da eutanásia. A vida humana é anterior e vale mais do que qualquer tipo de poder humano. Por isso mesmo, nenhum poder humano se pode sobrepor à vida humana, decidindo o termo da mesma.
- Usa-se ilegitimamente o poder contra a família, quando se protege e favorece mais o divórcio que o casamento, ou quando se quer dar o estatuto de casamento às uniões de pessoas do mesmo sexo. As pessoas tem direito a ser diferentes, mas não podem, ao mesmo tempo, reivindicar os direitos como se fossem iguais. Ou uma coisa ou outra! É uma questão de justiça e de igualdade!
- Usa-se ilegitimamente o poder, quando os governantes favorecem os interesses dos ricos e dos grandes grupos económicos, em detrimento dos trabalhadores e dos cidadãos comuns, aumentando as desigualdades e as injustiças sociais.
- Abusam do poder aqueles que procuram erradicar, em nome dos direitos de certas minorias, os sinais religiosos dos lugares públicos, como a recente determinação do tribunal europeu que exige a retirada dos crucifixos das escolas italianas. Mas será que os direitos das minorias valem mais do que os direitos das maiorias? Ou, pior ainda, as maiorias, sobretudo se são maiorias cristãs, não têm direitos? Não é legítimo nem aceitável que o fanatismo religioso de alguns ou a descrença de outros roubem a liberdade aos cristãos, como se a liberdade destes valesse menos do que a intolerância daqueles.
- Na mesma linha, abusam do poder aqueles que, em nome de uma laicidade mal entendida, implementam uma educação sem Deus, esquecendo por completo a dimensão espiritual das crianças e dos jovens. Deste modo limitam os seus horizontes existenciais e impedem-nos de um desenvolvimento integral e harmonioso.
Jesus ensina, com o seu exemplo, que ser rei é servir, amando as pessoas ao ponto de se sacrificar e dar a vida por elas. O bem dos cidadãos é que deve motivar e animar toda a acção governativa. Só assim se constrói uma sociedade justa e fraterna, um mundo de amor e de paz.
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