sábado, junho 27, 2009

O Hugo e o Celso serão amanhã ordenados padres

O dia da tua Ordenação Presbiteral certamente irá ficar marcado para sempre na tua vida. Como foi a tua preparação para esse dia?
Celso Marques: Foram 29 anos de preparação e que não termina no dia 28 de Junho. Contudo neste tempo mais próximo houve uma preocupação maior e uma preparação mais intensa e profunda, quer a nível espiritual e humano, quer a nível pastoral.
A nível espiritual realizei um retiro de cinco dias na Quinta de Santo António, em Évora, orientado pelo Bispo Emérito do Algarve, D. Manuel Madureira Dias, juntamente com o diácono Hugo da nossa diocese e o diácono António da Diocese do Algarve.
Este exercício espiritual, fazendo parte do processo de Ordenação, foi para mim particularmente importante, na medida em que o orador o preparou e orientou especificamente para o ministério do sacerdócio.
Com a sua longa, vasta e profícua experiência de vida, quer a nível pastoral, quer a nível espiritual, D. Manuel Madureira Dias enriqueceu-nos com a sua partilha durante todo este tempo de retiro.
Como preparação para a Ordenação Presbiteral, há que somar ao retiro, o estágio pastoral que estou a realizar no arciprestado de Celorico da Beira, orientado pelo Pe. José Manuel Martins de Almeida, que tem sido uma experiência também muito enriquecedora a todos os níveis; os 6 anos de Teologia e o tempo de seminário.
Fica assim muito resumida a preparação para a ordenação sacerdotal, que como disse ao início, nunca está finalizada.

Como futuro presbítero da Igreja Católica, o que achas que deve mudar nesta mesma Igreja para que Ela se torne cada vez mais uma Instituição à imagem do seu fundador, Jesus Cristo?
CM: Que se torne cada vez mais o reflexo do Evangelho, fiel a Jesus Cristo. Que seja o verdadeiro sacramento, sinal visível, como afirma o Concílio Vaticano II na constituição dogmática L.G. 1 “instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano”.
Tal como Jesus, Seu fundador, que tome sempre uma atitude preferencial pelo mais pobres, desprezados e rejeitados da sociedade. Só na medida em que se aproxima de Cristo, no rosto dos mais desfavorecidos, se torna autêntica Igreja de Jesus Cristo.

Aos colegas que deixas no seminário, qual o conselho ou mensagem que deixas?
CM: Que entreguem a suas vidas nas mãos de Cristo. Que saibam dizer em todos os momentos, como São Paulo, “eu sei em quem pus a minha confiança”.
É Ele quem chama, e se o faz nunca abandona, particularmente nos momentos mais atribulados, tal como não abandonou os Seus discípulos, na barca, quando se apoderou deles uma tempestade.
Ainda que aparentemente dormisse, Jesus estava bem acordado para o que se estava a passar ao Seu redor. Os discípulos é que vacilaram na fé, naquele momento. Assim, Cristo, que não abandonou os seus discípulos que havia chamado para O seguirem, também não abandona quem continua a chamar para O seguir neste caminho para o sacerdócio. O importante, diz-nos Jesus, é ter fé e não pensar como os discípulos, naquele episódio, que Cristo está a dormir.

O ainda diácono Hugo Alexandre Pichel Martins é um jovem comum, de 26 anos de idade, com uma paixão pela natureza, pelas actividades ao ar livre, desportos, novos meios de comunicação «on-line», voluntariado, e o convívio com amigos. Natural de Celorico da Beira, concretamente da paróquia de Santa Maria, onde recebeu o baptismo, actualmente, pertence a São Pedro. Estudou, como tantos outros jovens, nas escolas de Celorico, até ao 12º ano. Pelo caminho ficam diversas actividades como o clube de jornalismo, de informática, delegado de turma, e representante dos alunos no conselho pedagógico. Ligado às paróquias, integrou o grupo de jovens “Trovadores de Deus”, o grupo de acólitos, o dos catequistas (depois do percurso da catequese de iniciação), e, uma grande costela do Hugo, o agrupamento do CNE, em que fez promessa de escuteiro.


(…) Todas as actividades que foram destacadas contribuíram, a seu modo, para a personalidade do Hugo. Quando interpelado sobre o despertar da sua vocação, conta-nos que foi o pároco, o Pe. José Martins de Almeida, que o interpelou directamente. «Terminado o 12º ano, como qualquer jovem coloquei a questão: qual a minha vocação? Esta interpelação, também foi feita, de forma directa, pelo meu Pároco. “Hugo queres ir para o Seminário?” Eu na altura disse-lhe: “aguarde uns dias e reze, que eu logo lhe dou uma resposta!”. […] Vejo nele [no Pároco] um exemplo: pela exigência de vida, a oração, a alegria com que vive e transmite a fé, as suas capacidades humanas, a sua proximidade, fizeram com que a minha resposta seja, hoje, sim.»

O percurso de seminário, que se seguiu, foi normal e comum. Frequentou o ano propedêutico do Seminário da Guarda, e, logo o curso de Teologia, que frequentou no Instituto Superior de Teologia, passando pelas três casas que, por então, o formavam: Guarda, Lamego e Viseu. É o próprio Hugo quem se refere ao seu tempo de seminário como um «percurso e caminho feito de forma gradual».

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