segunda-feira, março 31, 2008

"Gozavam da simpatia de todo o povo"

O livro dos Actos dos Apóstolos, muito concretamente no texto que escutámos, mostra-nos como viviam, nos primórdios da Igreja, aqueles que acreditavam no Senhor ressuscitado.

“Viviam unidos e tinham tudo em comum”. Viviam “como se tivessem uma só alma”, partilhavam o que tinham, distribuindo os bens “conforme as necessidades de cada um”. Aqueles que compartem a mesma fé em Jesus ressuscitado constituem uma verdadeira família. A fé leva-os à partilha do coração, ou seja, une-os no amor. Amor que, por sua vez, os impele a partilhar os bens que possuem, dando especial atenção aos irmãos mais carenciados. A fé e o amor – realidades inseparáveis – levam os cristãos a fazer tudo “com alegria e simplicidade de coração”.
A unidade e a comunhão, o desprendimento e a partilha, a simplicidade e a alegria dos cristãos tornam-se numa interpelação e num apelo para os seus concidadãos. Estes admiram o modo de viver dos cristãos e sentem simpatia por eles. Como consequência, são muitos os que acreditam em Jesus, dispostos a seguir o mesmo modelo de vida.
A vida daqueles cristãos – cristãos que realmente acreditam e vivem animados pela ressurreição de Cristo – constitui uma pregação viva e eficaz de Jesus e do seu Evangelho.
A fé daqueles cristãos, a coerência da sua vida e a sua perseverança explicam-se porque eles “eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações”.
Não basta acreditar. A fé do homem precisa de ser, continuamente:

esclarecida e aprofundada na escuta da palavra de Deus e na catequese;

alimentada e fortalecida na celebração dos sacramentos e na oração;

vivida e concretizada em actos e gestos de amor ao próximo.

Aqui reside o segredo e a alma de uma vida que responde, com seriedade e fidelidade, às exigências da fé em Jesus ressuscitado.

“Gozavam da simpatia de todo o povo”.

  • A nossa comunidade cristã, pelo modo como vive e como celebra a sua fé, é testemunha autêntica e convincente da ressurreição de Cristo? E nós, pelo modo como vivemos no seio da comunidade cristã e pelo modo como nos inserimos no seio da sociedade humana, testemunhamos uma fé viva e comprometida, alegre e contagiante?
  • Ou na nossa comunidade há divisões e conflitos, pessoas que vivem de costas viradas e sem se falarem? Temos consciência de que a fé exige ser vivida em comunidade e não se reduz a uma mera questão privada e pessoal?
  • Na hora da verdade, damos a cara e defendemos os valores do Reino de Deus, ainda que seja à custa de grandes renúncias e sacrifícios?
  • Gerimos os nossos bens como se eles fossem exclusivamente nossos, ou sabemos e estamos dispostos a partilhá-los com quem precisa?
  • Somos cristãos com alma e com paixão, ou somos cristãos acomodados e adormecidos?
  • Quem olha para nós, vendo a nossa vida e as nossas obras, poderá concluir que acreditamos realmente no Deus da vida e do amor, no Deus que garante a ressurreição e a vida eterna?
Aplicar-se-á a nós a crítica que muitos dirigem aos cristãos, sobretudo aos ditos praticantes, de que não são melhores do que os outros (ou que até são piores do que os outros)? Se não somos melhores do que os outros é sinal de que não somos cristãos autênticos.
Para sermos cristãos convictos e convincentes como os dos primeiros tempos, devemos imitá-los na fidelidade ao ensino, à celebração da Eucaristia, à oração e ao amor fraterno. Sem uma ligação íntima e contínua a Cristo, pela escuta da palavra de Deus e pela vida sacramental, a fé não sobrevive.
  • Impressiona-me que muitos cristãos se sintam bem com a sua ignorância e, por conseguinte, não aproveitem as oportunidades que lhes são dadas para aprofundarem e fortalecerem a sua fé. A pior ignorância é a daquele que já não sente necessidade nem vontade de aprender! Muitos não têm motivação nem curiosidade em conhecer melhor Deus.
  • Impressiona-me que muitos cristãos não considerem a Eucaristia dominical importante e necessária e, por conseguinte, se dispensem dela, com a maior leviandade? Não tem noção do valor do tempo, aquele que não dá tempo ao que realmente é importante!
  • Impressiona-me que muitos ditos cristãos pensem e se convençam que podem viver a sua fé sem quaisquer referências à vida da comunidade cristã e sem assumirem qualquer compromisso com ela. Esses esquecem que a fé, se não é celebrada e vivida comunitariamente, acaba por morrer!

Aqueles que verdadeiramente acreditam em Jesus Cristo desejam conhecê-lo sempre mais, anseiam por encontrar-se com Ele e acolhê-lo nas suas vidas, dão naturalmente testemunho dele diante dos homens. E com cristãos assim, a comunidade cristã irradia a luz de Cristo ressuscitado, atraindo os homens para Ele e levando-os a glorificar o Pai celeste.

terça-feira, março 25, 2008

Vontade de Caminhar


Coragem!
A Páscoa diz-nos que a nossa história
tem um sentido,
e não é um monte de inúteis sobressaltos;
que não estamos a percorrer
sendas interrompidas;
que a nossa existência pessoal não está suspensa no vazio
nem consiste num espectáculo sem rede.
Precipitemo-nos em Deus.
Nele vivemos, nos movemos e existimos.

Coragem!
Que a Páscoa enxugue
os tanques do desespero
sedimentados nos nossos corações.
E, juntamente com a coragem de existir,
volte a dar-nos a vontade de caminhar.

sábado, março 22, 2008

segunda-feira, março 17, 2008

Dia Mundial da Juventude


JESUS CRISTO SUPERSTAR - Musica: "Canção de Judas"
No Dia Mundial da Juventude, Domingo de Ramos, juntaram-se mais uma vez os jovens do Arcisprestado de Celorico da Beira. Logo pela Manhã, no Centro Pastoral, preparou-se a Eucaristia.
Já depois da bênção dos Ramos, na Igreja de Santa Maria, jovens e adultos foram desafiados a viver como testemunhas de Jesus a partir da mensagem de Bento XVI, para este dia.
Os jovens, além da dinamização dos cânticos, ofereceram à comunidade a sua vitalidade com uma bela apresentação dos dons e uma coreografia alusiva ao tema deste dia.

Depois do banquete espiritual foi hora do convívio e almoço partilhado.

A meio da tarde, quatro grupos foram desafiados a pecorrer a vila através de um pady-paper onde descobriram mais coisas sobre Celorico e Jesus Cristo. Na parte final do dia houve lugar para muita música, dança e lanche. Cá estaremos com a a mesma alegria para o ano, esperando mais adesão da nossa juventude!

Diac. Gilberto

sexta-feira, março 14, 2008

Amanhã é Dia do Pai

O Directório Litúrgico, bem como a Agenda de 2008, publicados pelo Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), indicam o dia 1 de Abril como aquele para o qual deve ser transferida, este ano, a Solenidade de São José, de acordo com as Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário (n. 56f).

Só que, já depois de preparado e impresso o texto daquelas publicações, o SNL teve conhecimento de que a Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, estabelecera, através de uma Notificação publicada na revista Notitiae, que em 2008 a solenidade de São José deverá ser celebrada no dia 15 de Março, ou seja no sábado que precede o Domingo de Ramos.

Por isso, neste ano de 2008, a Solenidade de São José deve ser celebrada no dia 15 de Março, e não no dia 1 de Abril.

segunda-feira, março 10, 2008

“Alegro-me de não ter estado lá”

Ao saber que Lázaro estava doente, Jesus, em vez de correr ao seu encontro para o curar, permanece por mais dois dias no local onde se encontrava. Parece não se incomodar muito nem dar muita importância ao facto. Depois, ao saber que Lazaro morreu, Jesus manifesta o seu contentamento: “alegro-me por não ter estado lá”. Parece que até ficou satisfeito por Lazaro ter morrido.

Jesus surpreende-nos e desconcerta-nos, frequentemente, com as suas reacções! Neste caso concreto, como acreditar que Jesus era realmente amigo de Lazaro, de Marta e de Maria! Não estará Jesus a pôr em causa a amizade que o unia aquela família?!
Ao referir-se à doença de Lazaro, Jesus diz: “Essa doença é para que por ela seja glorificado o Filho do homem”. Por sua vez, ao referir a vantagem de não ter estado lá, Jesus, dirigindo-se aos discípulos, aponta um motivo importante: “por vossa causa … para que acrediteis”.
Como entender as vantagens da doença e morte de Lazaro?
O desenrolar da história dar-nos-á uma resposta óbvia e convincente.

Jesus alegra-se por não ter estado lá para o curar, porque assim pode manifestar o seu poder divino, chamando-o da morte à vida. É mais importante e mais revelador ressuscitar Lázaro do que ter restabelecido a sua saúde! Manifestando o seu poder sobre a morte (poder que nenhum homem tem, poder que é próprio de Deus) Jesus leva os seus discípulos e muitos dos judeus presentes a acreditarem nele. Ainda bem que Jesus não estava lá. Precisamente porque não estava lá, muitos puderam testemunhar a ressurreição de Lázaro e acreditar em Jesus.

“Alegro-me por não ter estado lá”.
  • Se tivesse estado lá, não teria acontecido o diálogo, tão franco e tão revelador, entre Jesus e Marta. Através dele, Jesus apresenta-se como “a ressurreição e a vida”, o Senhor da vida e da morte, e garante que quem nele acredita nunca morrerá. Por Ele, os homens têm acesso à vida eterna de Deus.
  • Por sua vez, Marta tem a oportunidade de professar a sua fé em Jesus: “Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”. A dor que sente pela morte do irmão não rouba a Marta a capacidade de ouvir nem a priva da sua lucidez. Pelo contrário, ela escuta e com-preende as palavras e as razões de Jesus. Por isso, daquele diálogo sai mais esclarecida a sua fé e mais forte o seu amor por Jesus!
  • Ainda bem que Jesus não estava lá. Todos nós lucramos com esse facto! Lucramos com a revelação de Jesus e com o testemunho de Marta!
“Alegro-me por não ter estado lá”.
Não tendo estado lá antes, quando parecia mais lógico e necessário que estivesse, Jesus tem a oportunidade de mostrar (de um modo ainda mais evidente e convincente) como era amigo daquela família e como era profundamente humano.
Jesus, ao ver “Maria chorar e vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-se profundamente e perturbou-se”. E, depois, ao aproximar-se do local onde tinham colocado o corpo de Lázaro, “Jesus chorou”.
Jesus comove-se e chora, porque é sensível à dor e às lágrimas dos familiares e amigos de Lázaro. Mas Jesus chora também porque era efectivamente muito amigo de Lázaro. As lágrimas, quando são autênticas, são sinal de uma verdadeira amizade. Os próprios judeus o intuem e, por conseguinte, comentam com admiração: “vede como era seu amigo!”
Ainda bem que Jesus não estava lá! Assim, Ele pôde dar este extraordinário testemunho de amizade. Jesus, o Filho de Deus, que tem poder para ressuscitar Lázaro, mostra-se profunda e admiravelmente humano, chorando por Lázaro morto!

“Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”.
Estas são as palavras com que Marta e Maria, em separado, se dirigem a Jesus, quando se encontram com Ele, após a morte do irmão. Segundo elas, foi uma pena que Ele não tivesse chegado antes, a tempo de o curar, pois estão convictas de que Ele poderia ter evitado a sua morte. Como vimos, Jesus pensa de maneira diferente. Ele considera melhor não ter estado lá. E a história, o que Ele realizou e o que aconteceu depois, confirmam que Jesus tinha razão.
Não tendo estado lá, na altura em que as duas irmãs julgavam que deveria estar, Jesus pôde revelar melhor a sua verdadeira identidade: revelou a sua divindade, ressuscitando Lazaro, e mostrou a sua humanidade, chorando por ele e comovendo-se com todos os que choravam. Além disso, e esse é o principal objectivo de Jesus, muitos, testemunhando o que Ele fez por Lázaro, acreditaram nele.

Muitas vezes censuramos Deus
  • Porque Ele, pensamos nós, não se encontra no lugar certo nem actua na hora certa, ou seja, Deus não está onde e quando é preciso nem actua segundo as nossas necessidades.

  • Por vezes, ficamos com a impressão de que Deus não está do nosso lado nem age em nosso favor como seria de esperar do verdadeiro Deus. Quase parece que Deus está no contra!

A história do Evangelho mostra que Deus, muito melhor do que nós, conhece o que nos faz falta e convém, para a nossa vida e para a nossa salvação. Ele, melhor do que nós, sabe qual é o momento certo para agir na vida do homem e em seu favor.

Não nos compete julgar Deus, muito menos julgá-lo desde as nossas perspectivas, segundo as nossas conveniências e as nossas pressas. Felizmente, a lógica e os ritmos de Deus não coincidem com a lógica e os ritmos dos homens! Se Deus andasse ao mando dos homens, o mundo estaria, seguramente, muito pior!

Por isso, só temos a ganhar, se dermos a Deus plena liberdade para actuar na nossa vida, se colaborarmos com Ele para que em nós se cumpra a sua vontade, para que em nós se realizem os seus desígnios de amor!

sábado, março 08, 2008

As brasas solitárias...

Em 2001 foi feito, em Portugal, o levantamento da participação semanal na Missa.


Pouco mais de 20 % estava presente nos locais de culto nesse dia do recenseamento. Mas um inquérito por amostragem, na mesma data, revelava que 66 % dos portugueses se consideravam praticantes.
É certo que há muita gente impedida de participar e as crianças menores de 7 anos foram excluídas na contagem. Há velhinhos, doentes e seus acompanhantes, pessoas que trabalham no Sábado e Domingo, etc., que não podem estar presentes. Mas a diferença entre 20 e 66 por cento é muito grande.

Recordo a propósito uma conhecida história.
Um rapaz, a determinada altura, deixou de frequentar a sua igreja. A preguiça e um certo cansaço das cerimónias repetidas serviram-lhe de argumento justificativo.
Um dia precisou de ir a casa do pastor da sua congregação. Era inverno e o clérigo estava numa sala com a lareira acesa. Quando o rapaz chegou, o pastor decidiu separar as achas ou cavacas que estavam a fazer uma boa fogueira. Daí a pouco, o lume apagou-se.

- Estás a ver, rapaz! As cavacas são como as pessoas. Se não se juntam, deixam de dar calor. Apagam-se! É como a religião! Sem participação no culto, extingue-se. Assim como a fé e o amor.
O rapaz manteve-se calado. Mas na despedida, saiu-se com esta:
– Domingo, lá estarei no culto. Não quero ser uma brasa solitária, sem fé nem religião!

Dia Internacional da Mulher

terça-feira, março 04, 2008

Jesus - Luz do mundo

Jesus apresenta-se como a Luz do mundo.
Ele é a luz dos homens porque, com a sua Palavra e a sua vida, venceu a cegueira da ignorância e do pecado. O ditado diz: "quem não sabe é como quem não vê". Cego é aquela que vive privado da luz da verdade e da graça de Deus.

O episódio da cura do cego de nascença recorda-nos que as doenças não são um castigo de Deus pelos pecados dos homens. O milagre é apenas o pretexto para Jesus nos oferecer uma visão diferente e mais positiva de Deus e do homem, e, ao mesmo tempo, para revelar e provar a sua verdadeira identidade.
Jesus também é luz para os homens, ao realizar a cura do cego num dia de sábado. Os fariseus ficam irritados e pensam mal de Jesusm porque Ele transgride a lei do descanso sabático. As leis, mesmo as leis religiosas, não têm legitimidade quando não salvaguardam o bem da pessoa humana.
Curando em dia de sábado, Jesus mostra que todos os dias são bons para fazer o bem. Para Deus, a única lei que vale sempre e que nunca deve ser transgredida é a lei do amor, porque esta é a única lei que está ao serviço da pessoa humana.
Cegos são aqueles que não querem ver, porque lhes dá jeito não ver a verdade!
Nada é evidente para quem não quer ver!